Ânimos agitados em Santiago da Guarda
22 de Julho de 2012 - 18:28h | Crónica por: Sara Teles - Fonte: - Visto: 3077 |
Os minutos iam passando sobre as 22h00 e as portas da desmontável permaneciam fechadas. Nas filas a cada entrada, as pessoas iam ficando cada vez mais agitadas sem entender os motivos da demora e a confusão esteve prestes a instalar-se.
Entretanto, o director de corrida Nuno Nery, estagiária, veterinário, médico e o empresário, permaneciam dentro da ambulância que havia de assistir a corrida.
Nem perante a incredulidade e preocupação da empresa o médico ou director de corrida cederam: o espectáculo não se realizava se não houvesse meios de socorro suficientes e sem que o equipamento médico obrigatório estivesse disponível.
Felizmente, acabou por achar-se uma solução e chegado o material necessário, as portas abriram para dar início às cortesias já com a praça quase completamente cheia.
Assim, quando a inexperiente banda (composta por cinco músicos) fizeram soar os primeiros acordes de um ‘quase pasodoble’, os ânimos acalmaram e o espectáculo pôde decorrer tranquilamente.
Os novilhos-toiros da ganadaria Cunhal Patrício tiveram apresentação condigna, com peso médio de 460kg e cumpriram, tendo sido realmente bom o quinto da ordem.
Joaquim Bastinhas, fenómeno de popularidade, obteve aplausos assim que entrou na arena para desenrolar o cavalo. O cavaleiro adivinhou a disposição do público e recorrendo ao peão de brega para colocar o toiro cravou os ferros da ordem para sair com ambiente após o palmo e par.
Na segunda lide andou bem melhor, desde a ferragem comprida a dois tempos ‘en su sítio’, à brega, escolha dos terrenos e desenho das sortes. Terminou igualmente com o palmo e o e dois pares, desmontando o cavalo para o forte aplauso com que o público o presenteou.
Marcos Tenório andou mais apagado na primeira parte frente a um novilho mais reservado que apenas o deixou cumprir e a que teve pisar os terrenos. Na segunda parte da corrida, tocou-lhe o mais bravo do lote, que saiu com som para uma vistosa e emotiva brega que o ginete soube aproveitar. Com o público realmente entretido e o cavaleiro a gosto, os ferros resultaram correctos e exuberantes, terminando já com o toiro a menos com o palmo e par de adorno, numa lide redonda, harmoniosa muito equilibrada.
Marcelo Mendes terminou a lide do primeiro encolhendo os ombros, como que explicando ao público que ‘é impossível fazer mais’. Na verdade a lide não rompeu, apesar de ter andado correcto nas ferragens, frente a um exemplar que apesar de lhe faltar alguma ‘chispa’ não complicava em demasia. Para fechar a noite, querendo levar o público consigo, apôs todo o adorno. Esperou o oponente à ‘porta gaiola’, levou-o na brega ladeando e assinou os primeiros ferros ao piton contrario. Depois, com o generoso “Único”, apresentou uma ampla variedade de adornos nos cites, causando ruido na bancada.
Nas pegas, os Amadores de Alenquer e de Coimbra tiveram que debater-se com o piso solto da arena. Como não houve intervalo devido ao atraso no início do espectáculo, não houve tempo para corrigir o piso que se veio degradando, o que, em particular, acrescenta muita dificuldade aos forcados.
Pelos Amadores de Alenquer:
David Vicente vê o toiro investir pronto e com pata, e, sem tempo para recuar devidamente, não conseguiu fechar-se ao 1º intento. Ao segundo intento o forcado esteve correcto, consentiu e recuou correctamente e suportou decidido os derrotes.
António Pedro consumou ao primeiro intento sem dificuldade uma pega com grande correcção técnica.
João Rocha viu frustrados os dois primeiros intentos com o toiro a meter-lhe a cara pelos joelhos. Ao terceiro, com a ajuda mais carregada concretizou a pega já após o primeiro aviso.
Pelos Amadores de Coimbra:
João Manso recebeu mal o toiro e não conseguiu fechar-se devidamente. Consumou ao segundo intento, conseguindo agora reunir devidamente apesar de quase ter escorregado ao recuar.
Pedro Mendes executou uma bonita pega, tendo recuado e mandado no toiro para reunir e aguentar a viagem com decisão.
João Eusébio fechou a noite com uma pega correcta ao primeiro intento, a que o grupo correspondeu coeso.
Seguida do festival realizado no ano passado, esta foi a primeira corrida das “Festas da Amizade e do Artesanato” de Santiago da Guarda, concelho de Ansião. Sendo uma empresa local, sem experiência no ramo taurino, é natural que aconteçam pequenos percalços. Que repitam com sucesso para o ano, com outra noite de casa cheia …!