Lotação Esgotada em Torres Vedras
01 de Julho de 2012 - 17:51h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 2407 |
Torres Vedras é praça cheia. Poderia ser este o slogan da corrida de Sábado em Torres Vedras, tal era a quantidade de público que esgotou a lotação da praça, obrigando a frequentes avisos do locutor de serviço, para que se arrajasse mais espaço nas bancadas, pois haviam portadores de bilhete que não conseguiam passar para além das escadas de acesso ao tauródromo desmontável.
O curro Luís Passanha revelou-se muito reservado e de apresentação apreciável para uma desmontável.
No intervalo, a organização da corrida de Torres Vedras, cujos lucros revertem a favor dos Bombeiros Voluntários, homenageou Luís Rouxinol pelos 25 anos de alternativa.
Luís Rouxinol Jr abriu as hostilidades em Torres Vedras e recebeu um novilho que entrou no ruedo cheio de chispa. Rouxinol Jr mostrou capacidade e esteve sempre por cima do oponente que se encrençou em tábuas. Bregou desenvolto, preparou as sortes com critério, cravou a ferragem nos médios e foi efectuando ladeios nos remates. Não só aqueceu com qualidade as bancadas para a corrida, como deixou o mote para a mesma, não querendo ficar de fora dos êxitos dos restantes intervenientes. Terminou com um violino junto a tábuas e um ferro de palmo.
Lourenço Ribeiro pelos Amadores de Santarém pegou o novilho à segunda tentativa.
Abriu praça o cavaleiro João Moura, que recebeu o primeiro exemplar da noite com 500Kg de peso e que pareceu estar diminuído no posterior direito. Como se não bastasse, o oponenente encurtou caminho desde o primeiro comprido, repetia iguais intenções nos remates, retirando qualquer hipótese às ténues tentativas de ladeios por parte do cavaleiro de Monforte, que terminou uma lide sem história.
O quarto pesava 530Kg, de carácter tão reservado como os irmãos de camada e de acobardadas investidas. João Moura limitou-se a despejar a ferragem, sem preocupações em lidar o oponente. Com a brega à conta da sua quadrilha, citou, arrancou, cravou e galopou para as bancadas em agradecimento aos aplausos. Cravou uma enormidade de ferros e mesmo assim, ficou um toiro por lidar em Torres Vedras. Foram os Amadores de Alcochete quem pagaram a factura, que por estarem numa desmontável sem o auxílio de um jogo de cabrestos, não dispunham da cernelha para poderem pegar este exemplar, que se fartou de bater em todo o grupo.
António Ribeiro Telles recebeu o segundo da corrida com 540Kg de peso, desinteressado desde a entrada em praça e sem investida digna desse nome. Entendeu-se com o oponente desde o 2º curto, passando a controlar os tempos das sortes e cravando de alto-a-baixo.
O quinto da noite era bonito de cara, com 500kg de peso, veleto de córnea mas manteve o reservado registo quanto ao comportamento. António Ribeiro Telles efectuou uma actuação de bem tourear desde o primeiro comprido, elaborando um tratado de como dar a volta a um oponente. O cavaleiro da Torrinha preocupou-se sempre em dar a primazia de arranque ao exemplar, bregou despreocupado com o tempo gasto e necessário para preparar as sortes, excelência na escolha dos terrenos, sempre ligado com o desinteressado oponente, escondendo os defeitos do toiro e fabricando as virtudes do mesmo. Toda a ferragem foi deixada ao estribo e sem quaisquer defeitos que se possam apontar, todas com critério e mestria no cálculo do tempo das sortes. Grande lide de António Ribeiro Telles frente a um oponente que o fez parecer fácil, deixando a desmontável de Torres Vedras convertida em aplausos.
Luís Rouxinol recebeu o mais pesado de toda a corrida com 550Kg de peso, de cara aberta, sem murrilho e com pelo de novilho até à cruz. Bregou ladeado por entre alguns toques, cravando o primeiro curto nos médios e de cima para baixo. O resultado das sortes amornou até ao par de bandarilhas com que terminou a lide, numa praça completamente entregue, que se levantou rendida à passagem do cavaleiro de Pegões.
O último da noite com 470Kg, foi o mais leve de toda a corrida e aquele que teve maior fijeza. Cravou o segundo comprido ao estribo, deixando arrancar o oponente. Nos curtos, apanhou um susto no primeiro ferro, quando desfez a sorte cingida no instante exacto em que o oponente arrancou. Frente a um exemplar sem transmissão, o cavaleiro de Pegões imprimiu ritmo e ligação com o oponente, terminando uma boa lide com um par de bandarilhas e um ferro de palmo, deixando Torres Vedras ruidosa nos aplausos e levantada dos seus assentos.
Na forcadagem, apesar de nem todas as pegas terem sido efectuadas à primeira tentativa, Torres Vedras assistiu a uma excelente noite de pegas, com dois grupos tão figuras de cartel quantos os cavaleiros de alternativa que o compunham.
Pelos Amadores de Santarém, Luís Sepúlveda efectuou uma rija pega ao segundo intento. Reuniu à barbela num embate rijo, com o toiro a humilhar de tal forma que dificultou e muito as ajudas. Só que o grupo foi tão pronto que consumou de imediato.
João Goes reniu à córnea, com o toiro sempre a despejar até cravar o forcado na arena e voltar-se sobre o forcado da cara, que nunca perdeu nem os braços, nem a alma e nem o grupo, que fechou logo ali a pega ao primeiro intento.
António Imaginário efectuou o melhor cite da noite, em silêncio, medindo os passos com toureria, dando todas as vantagens ao oponente que o observava cravando. Mandou no arranque com pata e reuniu à córnea, suportando vários derrotes numa viagem que fugiu ao grupo, consumando à primeira tentativa.
Pedro Belmonte pelos Amadores de Alcochete, viu o oponente ensarilhar ligeiramente até reunir à córnea. Teve braços e tudo suportou, fechando a pega à segunda tentativa.
Tomás Vale teve a valentia de enfrentar o quinto da noite que ficou por lidar. O oponente estava fresco, como que vindo directamente do campo para a praça e foi pegado à quarta tentativa, a sesgo, com as ajudas carregadas e junto a tábuas.
Fechou a corrida João Gonçalves à primeira tentativa. Reuniu à barbela, acoplou-se e viajou a direito para o grupo.