Em Amareleja a tarde foi de máxima expectação e de máxima desilusão

Amareleja. 18:30h. Festas de Santa Maria. Nos termómetros, 30 e muitos graus. Um cartel composto por três figuras do toureio a cavalo, três grupos de forcados da região e por um importante e bem rematado curro de toiros. Uma organização pensada até ao mais ínfimo pormenor. As bancadas cheias até à bandeira. Nada podia falhar, esperava-se uma excelente tarde de toiros. Mas foi todo o contrário… Coisa bastante vulgar nas tardes de máxima expectação!

Abriu praça António Telles. Pela frente encontrou um negro bragado que deu na balança 540kg. Este São Martinho saiu dos toriles com gás e a pedir contas mas rapidamente revelou a sua falta de iniciativa, mobilidade e empenho e que estava ali para jogar à defesa. O maestro da Torrinha, sem nunca se empenhar muito em “apimentar a coisa”, deu-lhe a lide possível. Citou de largo e de frente, reuniu na cara do toiro e cravou “en todo lo alto”. Frente ao quarto, um negro bragado de 500kg, pouco a fazer… Andou bem nos compridos mas ao iniciar a ferragem curta o toiro desquadrilhou-se e teve de ser recolhido devido às características dificuldades de locomoção que provocam este tipo de lesão.

O primeiro do lote de Luís Rouxinol, um negro entrepelado bragado de 570kg, viria a revelar-se o melhor do encerro. Longe de ser o toiro ideal, este São Martinho tinha presença em praça, galopava com codícia, reunia com emoção e para além disso durou até ao fim. Foi de longe o mais colaborador mas nunca facilitou a tarefa ao cavaleiro de Pegões, que foi obrigado a apostar mais na correção do que na emoção para levar a lide a bom porto. Frente ao quinto nada a fazer… Negro bragado de pelo e de 500kg de peso, este São Martinho desde cedo que procurou refugio na zona dos curros, demonstrando um enorme desinteresse por tudo o que à sua volta se passava. Rouxinol deu-lhe a lide de um manso, encurtou distâncias, pisou os terrenos do toiro, meteu-se por dentro… Mas era um manso, e quem manda são os toiros!  

Encerrou o cartel Filipe Gonçalves, que foi quem mais animou os tendidos. Frente ao seu primeiro, um negro mulato bragado de 520kg que foi manso mas colaborador, Gonçalves esteve em muito bom plano. Começou por parar com maestria o desenfreado galope com que este São Martinho saiu dos curros, no ressalto cravou-lhe o 1º comprido e ouviu a primeira ovação. Nos curtos “pôs a carne no assador” e apostou em quiebros ajustados, que resultaram em reuniões emocionantes que a afición da Amareleja aplaudiu com força. Fechou a actuação com um violino que voltou a incendiar os tendidos amarlejenses. Ante o sexto, tarefa impossível! Este São Martinho, cardeno de pelagem e de 570kg de peso, não teve ponta por onde pegar. Pregou as unhas no centro da arena e limitou-se a perseguir com o olhar as montadas do cavaleiro algarvio. Era mais que manso, era uma autêntica estátua.

No que à forcadagem diz respeito houve um pouco de tudo. O RGFA Moura apenas pisou a arena frente ao primeiro da tarde, dado que o quarto foi recolhido a meio da lide. Para a cara partiu Fábio da Conceição Branco que arrancou uma pega gigante à primeira tentativa. Também ao primeiro intento pegou André Batista, pelos Amadores da Póvoa de São Miguel, numa pega fácil mas tecnicamente bem conseguida. Frente ao sexto, o GFA Póvoa de São Miguel tentou de tudo, mas era como remar contra a maré… foi recolhido. Pelos amadores da Amareleja, tentou a pega de caras ao segundo toiro do encerro, Ezequiel Gato (1ª tentativa) e Ricardo Quadrado (2ª tentativa). Impossível! Tentaram a cernelha, impossível… foi recolhido. Para a cara do quinto partiu de novo Ricardo Quadrado que aguentou bem os primeiros derrotes mas acabou por sair da cara do toiro, não se consumando a pega. Também este toiro foi recolhido sem ser pegado.