Praça esgotada em Ponte de Lima
13 de Agosto de 2012 - 09:29h | Crónica por: Pedro Santos Vaz - Fonte: - Visto: 2161 |
Ponte de Lima é uma vila minhota onde se vive uma especial aficion ao toiro e ao cavalo. Todos os anos, na véspera do Corpo de Deus, as ruas enchem-se com milhares de visitantes que assistem e vibram com a tradicional e única ”Vaca das Cordas” e a sua Feira do Cavalo já se tornou, indiscutivelmente, um dos maiores certames nacionais dedicados ao cavalo.
Este Domingo os limianos deram mais uma prova da sua afición e esgotaram a praça de toiros, obrigando à colocação do tão ansiado aviso de “Não há bilhetes”. O cartel foi composto Ana Baptista, António Maria Brito Paes e o praticante David Oliveira que defrontaram seis novilhos de António Reis, ganadaria que se entrou em Ponte de Lima. Para os pegar apresentaram-se em solitário os Forcados de Santarém, capitaneados por Diogo Sepúlveda.
Com Viana aqui tão perto, a “enchente” de Ponte de Lima foi a melhor resposta à feliz decisão do tribunal administrativo de Braga que, numa feliz e aguardada decisão, permitiu a realização de uma corrida no Domingo das Festas da Sr.ª da Agonia, repondo a tradição secular. Aliás, foi com uma grande ovação que o público respondeu quando foi anunciado que Viana voltará a ter toiros. Como ficou demonstrado o povo do Alto Minho é aficionado e só a prepotência de alguns caciques o pode tentar negar.
David Oliveira apresentou-se em Ponte de Lima com vontade de não denotar a sua condição de praticante e esteve à altura do desafio. Seguro e ganas de triunfar lidou correctamente o seu primeiro, num estilo clássico mas sem perder a ligação com o toiro. Abusou um pouco da velocidade e nem sempre partiu recto para o toiro, mas são foram apenas pormenores numa lide conseguida. O último “reis” da tarde obrigou-o a mostrar ofício. Distraído, nunca se fixou no cavalo e cede descaiu para tábuas, mais interessado com o que se passava na trincheira do que em defrontar o seu oponente. David, porfiou mas deu-lhe a voltou, resolveu com rapidez as dificuldades do hastado e terminou, como já havia feito no seu primeiro, com um muito aplaudido violino.
O primeiro toiro da tarde criou muitas dificuldades a Ana Baptista. Mansote, não respondia aos cites e faltava nas reuniões, obrigando a cavaleira a pisar-lhe os terrenos para conseguir cravar três ferros curtos. Terminou com um violino que não ficou no toiro e devia ter sido repetido. Em vez disso perdeu-se em exibir os dotes do cavalo, bem longe do toiro, algo que repetiu no segundo do seu lote. É bonito, e infelizmente raro, ver os cavalos bem arranjados e executando exercícios de alta-escola, mas essa exibição tem momentos próprios numa corrida. Os dotes de equitação de cavalo e cavaleiro devem ser executados nas cortesias, no cite e nos remates das sortes. Não longe do toiro, com este fixado pelo bandarilheiro. Ainda que o público goste e aplauda, Ana Baptista tem argumentos para mais e não precisa disso para triunfar. Melhor no segundo toiro, com dois bons curtos e finalizando com dois violinos, destacando-se o que finalizou a lide.
Brito Paes foi o claro triunfador da tarde. Bem montado, seguro e com recursos lidou os dois toiros de forma séria, sabendo tirar partido do melhor de cada toiro. No seu primeiro toiro, brindado aos medalhados olímpicos representados pelo pai e treinador do limiano Fernando Pimenta, aproveitou a investida franca do “reis” para entusiasmar o público com a brega, ladeando e levando o toiro colado à garupa do cavalo para o colocar em sorte. Executou duas boas lides que primaram pela brega, pelos cites correctos e bonitos e pela rectidão das viagens, terminaram ambas com dois bons ferros de “palmo” e com o público reconhecido.
Os Forcados de Santarém encerrara-se em solitário com os novilhos de “António Reis” e não deixaram os créditos por mãos alheias. À excepção do quarto, todos os “reis” foram pegados à primeira tentativa.
Parabéns ao Centro Equestre do Vale do Lima e à empresa “Toiros & Cultura” pelo sucesso que foi a organização desta corrida que marcou o regresso dos toiros ao Alto-Minho.