João Moura triunfa no seu regresso à "Carlos Relvas"
06 de Agosto de 2012 - 12:19h | Crónica por: José Vogado - Fonte: - Visto: 2253 |
Depois de várias temporadas com cartéis montados sem a qualidade desejada e não querendo tirar o prestígio a quem aqui sempre atuou ao longo de várias temporadas, os cartéis que quase sempre se tornaram repetitivos na sua forma de montar, foram temporada após temporada afastando os aficionados da praça de Setúbal, cidade com pergaminhos na Festa Brava. Por esta praça passaram ao longo da sua história as maiores Figuras do Toureio. Setúbal é uma cidade onde sempre houve corridas, pois a primeira corrida aqui realizada, foi no reinado de D. João II. Graças à Empresa Aplaudir Eventos, liderada pelo Senhor João Pedro Bolota, teve a coragem de agarrar na centenária praça de Setúbal, remodelando-a quase na totalidade, e com grande empenho demostrado nestas duas temporadas taurinas, a garra suficiente para dar novamente vida a um espaço emblemático da nossa cidade, que se encontrava lamentavelmente quase perdido.
A empresa do Senhor João Pedro Bolota está de parabéns pela forma como montou os cartéis para a presente temporada em Setúbal, se na primeira teve três quartos de casa, nesta segunda corrida teve casa cheia, pouco faltando para esgotar a lotação. Cartéis bem montados e variados, e uma boa publicidade elaborada e feita durante vários dias, fez com que os aficionados se esquecessem um pouco da presente e assustadora crise, e num dia em que iriam realizar-se mais seis corridas em várias localidades de Portugal, acorreram em força e assim encheram a Centenária Praça de Toiros “Carlos Relvas”, que registou uma lotação como há muito não se presenciava em Setúbal. Foi muito agradável ver a praça cheia à vista, ver como os espectadores vibraram por várias vezes nas bancadas, aplaudindo com entusiamo e carinho os artistas de ontem, que se empenharam ao máximo para agradar ao público e por outro lado no sentido de poderem triunfar.
Realizou-se ontem a segunda corrida de toiros da temporada de 2012, inserida na Feira de Sant´Iago, a qual registou uma grande presença de público com casa cheia à vista.
O cartel inicialmente montado era composto pelos Cavaleiros de Alternativa João Moura, Rui Fernandes e João Telles Jr,, os Grupos de Forcados Amadores de Alcochete e Aposento da Moita e Toiros da Ganadaria do Engº. José Samuel Lupi. Porem este mesmo cartel veio a sofrer duas alterações, a primeira devido a doença, o cavaleiro João Telles foi substituído pela Cavaleira Sónia Matias e os toiros a lidar, três foram substituídos por outros tantos exemplares da Ganadaria de Rio Frio.
João Moura, regressou à praça de Setúbal, depois de três anos de ausência pelas razões sobejamente conhecidas pelos aficionados. Praça onde algumas vezes triunfou com força, sendo por mais de uma vez um dos Triunfadores
da Temporada.
Lidou o primeiro novilho toiro da noite que era da Ganadaria de Rio Frio, de pelagem castanho albardado e bragado meano (por ter uma mancha branca ao longo do ventre) com o peso de 500 quilos.
Cravou dois ferros compridos de boa colocação e boa nota, com destaque para o segundo. Na serie de curtos cravou cinco ferros de boa colocação, com realce o segundo e quarto ferros da ordem.
Atuação de grande classe com uma brega sempre bem cuidada dentro do seu habitual estilo de toureio, chegando com emoção às bancadas.
Rui Fernandes, lidou o segundo novilho da Ganadaria de Rio Frio, com o peso de 480 quilos e capa castanha ou Flava olho de perdiz (por ter um circulo mais claro em volta da cada olho), cravou dois ferros compridos de boa colocação com destaque para o segundo da série. Na série de curtos cravou cinco ferros de boa colocação, de entre os quais destaco o segundo e quarto ferros. Não teve um bom exemplar pela frente, mesmo assim não deixou por mãos alheias
os créditos e com uma brega bem cuidada teve uma boa atuação.
Sónia Matias, que nesta praça já alcançou boas atuações, tendo mesmo por mais de uma vez sido eleita como Triunfadora da Temporada, não teve um regresso de triunfo na noite de ontem, devido ao lote que lhe coube em sorte e por outro lado em certos momentos das suas atuações mostrar algum nervosismo e uma certa precipitação no momento da cravagem, mas mesmo assim conseguiu por vezes chegar com entusiasmo às bancadas nos ferros de melhor qualidade.
Lidou o terceiro novilho da Ganadaria de Rio Frio, com o peso de 515 quilos e de capa preto meano (por ter uma mancha branca na parte traseira do ventre. Cravou uma série de dois ferros compridos. Na série dos curtos cravou cinco ferros com destaque para e terceiro e quinto ferro.
João Moura, lidou o quarto toiro da noite, primeiro com ferro e divida da Ganadaria do Engº. José Samuel Lupi, um toiro com o peso de 525 quilos, quatro anos de idade e de capa preto listão meano, cravou dois ferros compridos ficando o segundo ligeiramente descaído, na série dos curtos cravou uma série de quatro ferros com destaque para quarto ferro que foi o melhor da série acabando por rematar esta série com dois ferros de palmo ou palmitos muito boa colocação. De novo este cavaleiro teve uma atuação de classe, com bons momentos de toureio, levando uma vez mais a sua arte e emoção às bancadas. Atuação de triunfo.
Rui Fernandes, lidou o quinto da noite e como se costuma dizer não há quinto mau, e de facto este exemplar cumpriu a tradição do dizer popular no meio taurino, era da Ganadaria do Engº. José Lupi, tinha três anos, de capa preto listão e o peso de 535 quilos. Cravou uma série de dois ferros compridos de boa colocação. Na série de curtos cravou cinco ferros de boa colocação com realce para o quarto ferro. O quinto da série foi a pedido do público que foi bem cravado, pena que tenha sofrido um toque na montada na fase de remate da lide. No cômputo das duas atuações, ambas com bons momentos de toureio através de uma boa brega, destaco a segunda perante o melhor toiro da noite.
Sónia Matias, lidou o sexto e último da noite, um novilho da Ganadaria do Engº. José Lupi, de capa preto meano e o peso de 510 quilos.
Cravou dois ferros compridos, ficando o primeiro ligeiramente descaído e o segundo foi de boa colocação. Nos curtos deixou uma série de seis ferros com boa colocação no geral, destacando-se aqui o terceiro e os dois últimos em sorte de violino.
No que diz respeito às pegas não tiveram uma noite fácil os dois Grupos de Forcados.
Ao Grupo de Alcochete comandados por Vasco Pinto coube pegar os exemplares lidados em primeiro, terceiro e quinto lugares.
O primeiro foi pegado pelo forcado Tiago Domingues à segunda tentativa;
O terceiro foi pegado pelo forcado Bruno Pardal;
O quinto foi pegado pelo forcado Fernando Quintela à primeira tentativa, sendo uma excelente pega.
Ao Grupo do Aposento da Moita comandado por Tiago Ribeiro, coube pegar os exemplares lidados em segundo,
quarto e sexto lugares.
No segundo foi forcado da cara José Henriques que pegou à primeira;
No quarto foi pegado pelo forcado Vitor Epifânio à terceira tentativa:
O sexto foi pegado à primeira tentativa numa pega de excelente execução por Pedro Brito de Sousa.
Todas as pegas da noite tiveram os seus momentos difíceis e momentos de emoção e valor, mas tenho que dar destaque para as duas últimas pegas que foram dúvida as melhores da noite.
Todos os Artistas escutaram música durante as suas atuações e deram volta à praça.
A Corrida foi abrilhantada pela Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete, que interpretou vários Pasodobles como Banda de Alcochete, España Cani, Torero Calle, Forcados de Alcochete, Puerta Grande e muitos outros.
A Corrida foi dirigida pelo Delegado do IGAC Senhor Ricardo Pereira.
Agradeço a forma como fui recebido uma vez mais nesta Praça pela Empresa do Senhor João Pedro Bolota.
Foto tirada por José Vogado e que consta do seu arquivo pessoal