Foi mansa a corrida do Município da Moita
14 de Setembro de 2011 - 03:09h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 2901 |
Longa, exasperante e sempre à espera de que "a seguir é vai ser bom”, frase que ouvi de uma aficionada que assistia à corrida perto de mim e que nunca se cansou de proferi-la a cada lide. De facto, assim foi a Corrida do Município da Feira da Moita 2011, que contou com cerca de meia casa forte, talvez um pouco mais. O que é uma boa casa, tendo em conta ue num dia de semana às 18h, com futebol a coincidir na televisão e que em tempos de crise, seleccionam-se os espectáculos pelos quais se pode gastar, e ainda a julgar pelas linhas rasuradas de bilhetes disponíveis nos preçários expostos nas bilheteiras, quinta e sexta-feira serão os de casa cheia.
O curro enviado por Ortigão Costa define-se de uma forma simples: esbanjou tanto em peso como em mansidão.
Antes da corrida decorreu um festival taurino com Rouxinol Jr, que lidou um novilho de José Lupi. Novilho que após entrar em praça ameaçou saltar a trincheira, até levar o castigo do cavaleiro, que assim espevitou o oponente que se empregou para o remate. Ao todo colocou três compridos à tira, sendo o melhor o terceiro, ao estribo e na cruz. Enquanto mudou de montada, o novilho perdeu as mãos, ao sofrer um capotazo e caiu sobre o lado direito. Nos curtos, efectuou uma lide com quatro ferros muito parecidos entre si, ao piton contrario, ao estribo mas com toques e empurrões durante a reunião. Terminou com dois ferros de palmo.
Pelo Grupo de Forcados Amadores da Moita, Tiago Raposeira entrou em praça mais 3 colegas e convidaram quatro elementos do grupo de Coruche para juntos efectuarem a pega. Num cite sóbrio e a mandar no novilho, que arrancou com suavidade, a mesma com que bateu no forcado, que se acoplou de imediato, numa viagem que fugiu ao grupo pelo lado direito, que apareceu para consumar.
João Moura, vestia uma casaca azul e viu o primeiro de seu lote, com 560Kg, escorregar com estrondo ao sair dos curros. O toiro apresentava dificuldades de locomoção na mão direita e o público pediu a sua substituição durante os compridos. Sem ordem de substituição, o peão de brega ainda complicou mais a já perene condição do exemplar, incitado-o a capotazos desnecessários. Não houve lide possível. Moura colocou um ferro, o público pediu para não pôr mais. O cavaleiro de Monforte ainda testou as chances em mais um e abandonou a praça. Este toiro demorou mais de vinte minutos para sair do ruedo, sempre junto às tábuas e com o director de corrida sob vaias fortes.
O segundo exemplar de 575Kg, era aldinegro, cornivuelto e manso. Colocou dois compridos a tira. Quando mudava de montada, a sua quadrilha foi de uma imaturidade assustadora, incitando o oponente, que já não era bom, a demasiados capotazos que o tornaram ainda muito pior. Nos curtos, teve de elaborar uma lide nada costume ver-se nele. Para tamanho conforto em tábuas, apareceu com o Merlin, que mais do que um cavalo bonito, é um cavalo que se oferece ao seu oponente e em terrenos que outros não chegam. Colocou quatro ferros à tira e terminou a lide com o melhor ferro, uma rosa junto às tábuas e numa sorte muito carregada.
De casaca vermelha, Luís Rouxinol recebeu um castanho com 540Kg. Passou em falso para depois colocar à tira o primeiro comprido, que rematou vistoso. O toiro começou aqui a revelar os sinais de mansidão e o cavaleiro de Pegões colocou mais dois compridos também à tira. Se há algo que Rouxinol sabe fazer, e bem, é entender o que cada oponente que enfrenta precisa. Com este toiro, este determinante atributo foi bem evidente na sua lide. Ofereceu-se em demasia, deu inúmeras vezes a garupa com toques obrigatórios, obrigando o hastado a ter de cheirar a montada, de forma a fixá-la para preparar as sortes e investidas. Esta entrega, valeu-lhe toques na brega, nas colocações também e com ferros a cilhas passadas por falta de reunião. Que culpa teve Rouxinol? Nenhuma! Que mais poderia ele fazer? Nada! O toiro pedia isto mesmo! Terrenos de compromisso para tudo, brega, colocações e remates. Muito bem esteve a lide do cavaleiro de Pegões, esforçada e com um trabalho de permanente exposição ao risco, com as já descritas consequências, sempre à procura de dar a volta ao oponente.
Mandou a quadrilha sair, para executar uma sorte de gaiola ao segundo do seu lote com 585Kg, que saiu dos curros disparado ao cavaleiro, que se encontrava no outro extremo da praça, colocando um ferro que levantou as bancadas. Após um segundo comprido à tira, trocou de montada e voltou para colocar um grande ferro, que citou de frente, mostrando-se cheio de garra, aguentou até que o oponente arrancasse e coloca ao estribo e de cima para baixo. O toiro ameaçava recolher-se em tábuas mas o cavaleiro de Pegões tirou-o do local de conforto e coloca novo curto igual ao anterior. A partir daqui, o oponente jamais ousou abandonar as tábuas mas a garra de Rouxinol ainda o levou a colocar um par de bandarilhas depois de duas passagens em falso.
João Telles Júnior, de casaca verde clara, recebeu um desinteressado oponente com 550Kg. Colocou dois compridos à tira, sofrendo um empurrão no segundo. Nos curtos, elaborou uma lide em que insistiu em executar quiebros com a batida demasiado cedo, perante tamanha escassez de bravura que exigia outro tipo de tratamento. Assim sendo, muitas passagens em falso e um ferro falhado. Destaque para o segundo curto, que após abrir o quarteio, foi aguentando com a garupa para cravar com asseio.
O último toiro da corrida, com 560Kg e cinco anos de idade, recebeu-o à porta gaiola. Colocou de forma regular dois compridos à tira. Ao piton contrário, colocou um bom ferro (o primeiro curto), de cima para baixo. De seguida passou em falso, pois o toiro parou após arrancar. Rectificou com um bom ferro ao estribo. Passou de novo em falso, para depois colocar um ferro em que levou um toque, consequência por invadir os terrenos do oponente. Com o mesmo risco do ferro anterior, falhou os dois ferros seguintes. Terminou uma lide em que se esforçou ao máximo em busca do triunfo, com duas rosas.
O cabo Grupo de Forcados Amadores da Moita, Pedro Raposo, pegou o lesionado exemplar que calhou a João Moura. Num cite acompanhado por assobios das bancadas ao toiro, pegou sem história à primeira tentativa, pois o toiro não podia nem humilhar, nem bater.
Rui Pragana não teve um oponente que quisesse arrancar, e quando o fez bateu forte no forcado que não se conseguiu fixar. No meio da dispersão, o primeiro ajuda foi derrotado junto às tábuas do sector 1, e quando se levantou e tentava saltar a trincheira, é apanhado em novo derrote, causando uma queda que o deixou momentaneamente sem sentidos. Rui Pragana voltou para pegar mas teve de desfazer por falta de arranque do toiro. À terceira, quando finalmente o oponente quis arrancar, não conseguir fixar-se. Pegou à quarta tentaiva, a cesgo, junto às tábuas e com as ajudas bem carregadas.
Fernando Grilo fez o cite mais bonito da noite e a mandar o arranque. O toiro empurrou a direito para o grupo, que consumou de forma limpa.
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Coruche, Pedro Galamba viu o toiro partir a mando e num embate que ecoou pela praça, praça que devolveu em onomatopeias, numa viagem em que atravessou o grupo em derrotes sucessivos e contra as tábuas. Uma dura e rija pega ao primeiro intento.
Alberto Simões, citou até se chegar à cara do toiro, pisando para o arranque. O toiro arrancou ao segundo mando, carregado de pata e com o 1º ajuda a colocar o forcado fixo, numa viagem em que o toiro sacudiu todo o grupo, derrotando uma barbaridade até ao grupo chegar para consumar. Foi a pega da tarde/noite, o momento de maior emoção de toda a corrida. Valeu-lhe duas voltas à praça, na companhia do 1º ajuda.
O cabo Amorim Ribeiro, desfez a primeira tentativa pois o toiro não quis de forma alguma arrancar. Com a mudança de local, o toiro lá arrancou e sem humilhar, levantou ainda mais a cara a reunir, não permitindo ao cabo se agarrar. Pegou à segunda tentativa com as ajudas mais próximas mas não carregadas e com o grupo a consumar.