Troféus para Luís Rouxinol e Amadores de Alenquer na Póvoa de Santa Iria
04 de Setembro de 2011 - 17:59h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 3431 |
A Póvoa de Santa iria recebeu pelo segundo ano consecutivo, uma corrida de toiros organizada pela tertúlia Passe Por Alto, com meia casa bem preenchida.
Quatro cavaleiros para disputar o troféu de melhor lide e ainda dois grupos de forcados para o troféu de melhor pega em disputa.
Um curro de toiros de Herdeiros de Bernardino Píriz de apresentação distinta mas que no geral tiveram um bom comportamento,voluntarioso e com “fijeza”.
O piso da praça desmontável junto à estação de caminho de ferro não era o melhor, muito arenoso e em profundidade significativa, foi-se deteriorando à medida de cada actuação, com consequências para a perda de rendimento por parte do curro.
As cortesias estranhamente iniciaram-se em silêncio, ou quase, visto que não havia banda em praça e um pasodoble escutava-se na ténue instalação sonora da praça. Quando se pensaria que seria toda a corrida assim, eis que aparecem em praça a banda quando estava a primeira lide a iniciar-se.
E a primeira lide a ter lugar na noite de Santa Iria foi a duo. Luís Rouxinol de casaca negra aveludada e Marcelo Mendes de casaca vermelha tinto, receberam um exemplar que entrou desconfiado em praça e que precisou do primeiro ferro para acordar. Para quem como eu não é grande fã das lides a duo, esta em questão foi de um agrado surpreendente. Pareceu que o duo existe desde sempre. Houve respeito pelos espaços, nenhuma intromissão alheia e à vez, foram estando reservados para desenvolverem uma lide bem do agrado de todos, mesmo dos mais cépticos. Pena que o toiro estivesse demasiado quieto nos médios, obrigando ambos os cavaleiros a contornarem um oponente que nunca quis dar luta e que nunca rompeu para coisa nenhuma. Apesar de todas as condicionantes, Luís Rouxinol e Marcelo Mendes, souberam dar-lhe a volta e colocaram ferros empolgantes a um hastado, que levantava muito a cara a reunir.
De casaca azul entrou em praça Pedro Salvador para receber um bonito toiro aldinegro, que sentiu o primeiro comprido e respondeu com codicia. Nos curtos, a execução do segundo ferro é perfeita, citado apenas com os posteriores, de frente e colocado na cruz ao piton contrário. Muda de montada e faz o mesmo desenho de sorte para o terceiro ferro, que pecou pela colocação traseira. O piso da arena já dava demasiados sinais de insuficiência
e as reuniões deixaram de ter o mesmo resultado. Também pelo mesmo factor descrito, o hastado furtou-se aos remates das sortes e às tão preciosas investidas.Terminou com um curto a pedido do público e que colocou no morrilho.
Brito Paes, de casaca castanha alaranjada, recebeu o toiro de pior apresentação da corrida. Feio mas com muita disposição, o toiro nunca deu descanso ao cavaleiro, que passou pelos compridos com regularidade. Nos curtos, fez tudo bem feito na brega, na fixação do oponente e no cite. Pena ter colocado o ferro no ventre do hastado. O segundo curto colocou-o no dorso. Assim foi toda a lide de Brito Paes, que elaborou as bregas com distinção, as distâncias bem medidas e fixação correcta do oponente. Por qualquer explicação que não sei qual seja, o local de colocação da ferragem foi sempre demasiado traseira à cruz. Terminou a lide a um oponente que arrancou sempre primeiro,
com um ferro de palmo.
Seguiu-se na ordem Luís Rouxinol, que recebeu o maior toiro da corrida e o que mais interesse teve na saída da porta dos curros. Sempre que o cavaleiro de Pegões saia dos terrenos do oponente, este iniciava uma perseguição imponente mas que diminuía a intensidade assim que chegava perto da montada, com uma suavidade inexplicável. Rouxinol soube tirar os proveitos destas características nos curtos, trazendo o toiro na garupa e usando a montada como se um capote esta fosse, durante volta e meia à praça. Apesar doentusiasmo das bancadas, colocou três curtos sem grande brilho, o primeiro e o terceiro foram na garupa e o segundo deixou o toiro passar no momento da reunião, para depois receber um toque e um empurrão ao ladear. A partir daqui a lide subiu e muito de produção. Colocou um grande ferro, uma rosa a cesgo e no corredor para posteriormente colocar a pedido do público dois pares de bandarilhas. O segundo não teve o mesmo valor que o primeiro mas terminou uma lide que levantou as bancadas e cresceu muito a partir da rosa. Recebeu o troféu de melhor lide.
Marcelo Mendes mandou sair a quadrilha e foi receber à porta dos sustos. Trouxe um exemplar com pouca mobilidade e interesse de saída para os médios e quando nada o fazia prever, o oponente deslocou-se para tábuas enquanto
o cavaleiro preparava o ferro. Arrancou carregado de pata para Marcelo Mendes, que de praça a praça colocou um enorme e valoroso primeiro ferro comprido que merecia de imediato o início de funções da banda da praça, coisa que não aconteceu. O segundo comprido pecou por ficar um pouco descaído e Marcelo Mendes ajoelhou a montada que agradeceu os aplausos das bancadas. Se os dois primeiros curtos não têm nada para contar, a restante lide de Marcelo Mendes é de uma nota muito elevada. O cavalo enterrou-se no piso quando partia para o terceiro curto, tendo sido quase alcançado pelo toiro, que assim passou em falso. Cita de frente para o terceiro curto, executado nos médios e colocado ao piton contrário. De seguida coloca um grande ferro citado de frente e em passo espanhol, que coloca ao estribo de forma exímia. No remate sofreu um ligeiro toque ao ladear o toiro. A partir daqui já nada estragaria a grande noite de Marcelo Mendes que ainda colocou mais um bom ferro e terminou a lide com um par de bandarilhas a pedido do público. Lide com sumo e bem agradável do cavaleiro, que merecia o troféu em disputa, entregue a Luís Rouxinol.
A noite fechou com a lide a duo de Pedro Salvador e Brito Paes. Esta lide não teve o mesmo resultado e som que a primeira da noite. Pareceram dois cavaleiros que nunca se entenderam, entrando em terrenos um do outro, em especial Pedro Salvador que por diversas vezes intromete-se nos desenhos de sorte de Brito Paes, como aconteceu de forma flagrante na segunda série de curtos. Uma lide sem história a um exemplar bragado e que nunca soube a quem teria que investir.
Dois grupos de forcados, Amadores de Vila Franca de Xira e Alenquer, disputaram um troféu para a melhor pega. Pegas que foram dificultadas pelo mau estado do piso, e os toiros que por estarem demasiado enterrados no
areal da desmontável da Póvoa de Santa Iria, desaceleraram ao chegar aos forcados da cara.
Pelo grupo forcados de Vila Franca de Xira, duas pegas à primeira tentativa e uma pega à terceira tentativa com ajudas carregadas e com o toiro a empurrar a direito.
O troféu foi para a última pega da noite, executada pelo Grupo de Forcados Amadores de Alenquer. O toiro arrancou cheio de pata e sem perder velocidade nem força, bateu no forcado que se fechou à barbela e aguentou sozinho, vários e violentos derrotes, desviando-se do grupo durante a viajem, grupo que consumou com dificuldade, indo todo o mérito para o forcado da cara.