Primeiro Festival Taurino da Laço em Salvaterra de Magos
17 de Outubro de 2011 - 23:10h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 3422 |
O primeiro festival taurino de angariação de fundos para a Laço, realizou-se com sucesso em Salvaterra de Magos com quase ¾ de praça preenchidos de um ambiente solidário.
Os novilhos da ganadaria de João Ramalho, saíram no geral bem apresentados e cumpriram.
Joaquim Bastinhas recebeu um novilho manso e que procurou desde que entrou em praça, e como foi demorada a sua entrada, a porta de saída do ruedo. Assim, o cavaleiro de Elvas lidou um oponente apenas de nome, com dois compridos, dois curtos e um de palmo, até ao inevitável par de bandarilhas, que colocou junto a tábuas. Sem matéria-prima e sem culpas por tal facto, não pode realizar uma lide ligada e ritmada como é seu timbre, sobrando o seu esforço e a abnegação em cada sorte para levar a lide para outros patamares.
Para a pega deste novilho, João Galamba foi à cara pelo Grupo de Forcados Amadores de Lisboa, realizando um cite em que o toiro arrancou a custo, reunindo à córnea e de cara levantada numa viagem até ao grupo que consumou de imediato.
José Manuel Duarte recebeu um novilho negro, voluntarioso e de incessante investida. Andou solto e vibrante desde o início, cravando um excelente segundo ferro comprido, bem nos médios e de alto a baixo, com o novilho a arrancar pronto, e rematado com elegância. Assim foi toda a lide do cavaleiro de Santarém, solto em todos os aspectos, com todos os ferros rematados sem exageros de esforço e em doses exactas. No total foram cinco curtos de excelente nota, toureando sempre a duas mãos, de frente, a abrir o quarteio nos momentos certos e com as sortes de cima para baixo. Grande actuação é pouco adjectivante para a tarde de José Manuel Duarte.
Marco Mendes, pelo Grupo de Forcados Amadores de Coruche, pegou à primeira tentativa, reunindo à barbela e com o grupo a rapidamente consumar a pega.
Ana Batista recebeu um novilho negro e distraído durante toda a lide. A lide foi toda ela muito semelhante de início a fim, com sortes aliviadas mas de grande entrega. A brega foi o que maior destaque alcançou. Após uma série de três curtos, colocou o seu melhor ferro, um valoroso ferro de palmo e em sorte mais carregada. Terminou a lide com novo ferro de palmo, sem o mesmo resultado do anterior.
Pedro Silva, pelo Grupo de Forcados Amadores de Salvaterra de Magos, pegou à primeira tentativa, reunindo à barbela e com o grupo a demonstrar coesão.
António Maria Brito Paes recebeu um novilho distraído e que em nada colaborou. A lide foi irregular e a ferragem resultou com colocações pouco exactas. Após dois violinos, pareceu ter entendido como dar a volta ao novilho e colocou nos dois ferros curtos, os seus dois melhores ferros da lide. No final recusou-se a dar a volta a praça, revelando bom censo.
Pedro Marrulas, pelos Amadores de Lisboa, viu o novilho partir solto a ensarilhar e reunindo com dificuldade até às tábuas, onde acabou por sair da cara do exemplar. Pegou à segunda tentativa, reunindo à barbela e num embate suave até ao grupo que consumou de imediato.
Manuel Telles Bastos está a terminar a temporada em grande e promete ser um caso sério da tauromaquia nacional. O seu estilo é o clássico absoluto. A forma como executa cada sorte, a elegância com que monta e toureia a duas mãos aliadas com as exímias colocações, revelam um toureio puro, brilhante, com asseio, brio em cada pormenor e classe em cada movimento. Três compridos na cruz e quatro curtos tão bem colocados como os anteriores, são o resultado de uma lide de processos simples mas estáveis, sem esforços gastos em exageros desnecessários. Houve mais um ferro pedido pelo público que rematou uma lide soberba, que levantou as bancadas. Os seus adornos resumiram-se ao passo espanhol ao entrar em praça e a nunca desfazer-se do sombrero. Enorme actuação de Manuel Telles Bastos.
José Sousa, pelos Amadores de Coruche, viu o oponente partir com pata, reunindo à córnea e numa dura viagem cheia de derrotes até ao grupo que consumou com coesão à primeira tentativa.
Francisco Zenkl recebeu um novilho que investiu com casta no capote. Porém, cedo perdeu as faculdades demonstradas e o cavaleiro teve de atrair a atenção do oponente com três ferros compridos, não evitando que o mesmo permanecesse distraído. Nos curtos, desenhou sortes à tira, embora o cavalo se tenha negado por diversas vezes a ir ao novilho. Terminou a lide com um bom ferro curto à tira com que emendou um anterior, que resultou em colocação quase no posterior direito do novilho.
Manuel Oliveira, pelos Amadores de Salvaterra de Magos, efectuou o cite mais bonito do festival taurino mas faltou-lhe ajuda e voltou para pegar à terceira tentativa, reunindo à barbela e numa dura viagem a fugir ao grupo, que de pronto apareceu para consumar.