Cartaxo Encerrou a Temporada com uma Magnífica Tarde de Toiros
03 de Novembro de 2011 - 19:07h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 4941 |
A corrida do Cartaxo encerrou oficialmente a temporada taurina, com uma meia casa de espectadores que desafiaram a ameaça de mau tempo e com os agasalhos vestidos, assistiram a uma boa corrida de toiros com três cavaleiros que terminaram as suas actuações em território nacional da melhor forma.
Havia um prémio em disputa para a melhor pega da corrida, que foi entregue com inteira justiça a André Mata do Grupo de Forcados Amadores de Alenquer, na terceira pega da tarde.
O curro de toiros da ganadaria Prudêncio, apesar de no geral ter revelado um comportamento reservado e escassez de força, proporcionou um bom jogo graças ao empenho dos cavaleiros em praça e aos três grupos de forcados presentes no cartel.
Abriu praça António Telles que recebeu um toiro escorrido e imponente de cara. Elaborou uma lide regular diante de um toiro parco em força mas nobre a reunir.
O seu segundo saiu muito bem apresentado e com todas as suas faculdades intactas, andarilho e nobre. Foi com este que se destacou António Telles, elaborando uma lide de três compridos bem colocados e quatro curtos ao piton contrário, na cruz e de cima para baixo. Terminou a sua última actuação com mais um ferro a pedido do público, de excelente nota, deixando já saudades pelos meses de ausência que se seguirão. Bela actuação de António Telles.
João Salgueiro recebeu um desinteressado oponente e despachou a ferragem comprida apenas para atrair a atenção do mesmo. Nos curtos, o toiro nunca quis reunir e revelou escassez de força. O seu melhor ferro foi o quarto curto, onde citou de praça a praça, esperou o arranque do toiro e colocou ao piton contrário e de cima para baixo.
O seu segundo do lote permitiu uma excelente actuação a Salgueiro, que dedicou no ruedo a lide a toda a equipa que consigo trabalhou no ano taurino que findava, onde esteve sempre excelente na brega, cravando um total de cinco ferros curtos citados de frente, ao piton contrário e de colocações exactas. Efectuou os remates com simplicidade e elegância, executando piruetas como adorno. Boa actuação de João Salgueiro que espalhou garra e verdade durante toda a lide.
Duarte Pinto recebeu um manso que tinha a orelha direita partida, que nunca quis dar luta e que cedo desenvolveu crença junto à porta dos cavalos. Duarte Pinto espalhou garra e empenho e deu nitidamente a volta ao oponente. Frases como “Quietos na Trincheira” e “Deixem o toiro comigo”, foram por si proferidas vezes sem conta e sem a ajuda da sua quadrilha, foi capaz de retirar sempre o oponente da crença e cravar ferros ao estribo, com largura nos cites, sempre com toda a atenção do toiro posta em si, algo só possível perante uma lide incrível, com uma entrega assinalável. O seu último ferro foi o melhor de toda a lide, de praça a praça e de cima para baixo. Enorme actuação de Duarte Pinto.
O seu segundo do lote foi mais disponível embora apresentasse pouca força. Se o seu segundo comprido ficou quase na barriga do oponente, o resto da lide é isenta de defeitos. No total foram cinco ferros citados de frente, ao piton contrário e exímios nas colocações, que proporcionaram um término perfeito de temporada a Duarte Pinto que teve no Cartaxo duas extraordinárias actuações.
Só por mera curiosidade, um familiar meu que não é aficionado e que dizia nem sequer apreciar a tauromaquia, acompanhou-me à corrida com algum esforço. No final, saiu sorridente, satisfeito, surpreso pela qualidade do espectáculo e gabou Duarte Pinto durante o tempo que demorou o regresso a casa, chegando mesmo a revelar o desejo de no futuro, repetir uma ida às corridas.
João Guerra do Grupo de Forcados Amadores do Ribatejo pegou à primeira tentativa, num oponente que partiu a passo e num suave embate até ao grupo que consumou sem complicações de maior.
Telmo Almeida fez o cite mais bonito da tarde/noite mas não conseguiu fixar-se assim que sofreu o derrote na reunião. Pegou á segunda de forma rija, fechando-se à barbela e com todo o grupo a ser sacudido durante a viagem até tábuas, onde aguentou até o grupo aparecer para consumar.
Pelo Grupo de Forcados Amadores da Azambuja, Pedro Sabino viu o toiro partir mas fechou-se fora da cara do grupo. O público manifestou-se e o grupo ciente das responsabilidades repetiu de igual modo ao anterior descrito. Pegou á terceira tentativa com o primeiro ajuda mais próximo.
Hugo Abreu viu o toiro ensarilhar e passar por si. Pegou à segunda tentativa, recuando o necessário, reunindo à barbela e com o grupo a consumar de imediato.
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Alenquer, André Mata elaborou um bonito cite, mandou no toiro que partiu cheio de pata e num duro embate em que se fechou à córnea, viajou até ao grupo que consumou uma excelente e rija pega que mereceu com inteira justiça o prémio em disputa. O primeiro ajuda, Edgar Póvoa, ao colocar o forcado na cara, sofreu uma cornada no peito e ficou estatelado em praça. De imediato se gerou o pânico com Edgar Póvoa a sofrer um muito impressionante ataque epiléptico, enquanto bombeiros e forcados se esforçavam em ajudar Edgar Póvoa e em retirar o toiro do perímetro. Após recolher à enfermaria, Edgar Póvoa foi transportado para o hospital de Santarém.
Pedro Coelho fechou a temporada com uma dura e rija pega à segunda tentativa, num oponente que partiu a grande velocidade e cheio de força embateu no forcado que se fechou à barbela, numa dura viagem a direito ao grupo que demonstrou enorme coesão.