Manzanares Corta 4 Orelhas em Córdoba e Continua Somando Triunfos
27 de Maio de 2011 - 14:34h | Crónica por: Sérgio Lavado - Fonte: - Visto: 2052 |
Córdoba, 26 Maio 2011
Curro de toiros de D. Juan Pedro Domecq bem apresentados dentro do seu tipo e em que se destacou pela positiva o 3º (duas orelhas e aplausos no arraste) e o 6º (duas orelhas). Vestiram-se de luces: Enrique Ponce, Morante de la Puebla e José María Manzanares.
Tarde de grande expectativa na praça de toiros Coso de los Califas, em Córdoba, que aguardou com a praça quase cheia este cartel de luxo. Depois de uma tarde em Madrid em que faltaram argumentos aos toureiros para aproveitar a boa condição dos toiros de Juan Pedro Domecq, desta vez compartiam cartel com três máximas figuras do toureio, daí que tudo apontava para que fosse uma boa tarde de toiros nesta 4ª corrida do abono de Córdoba.
Muito por culpa de Manzanares, que atravessa um momento extraordinário e que soma triunfo atrás de triunfo, as expectativas vieram a confirmar-se. A melhor faena da tarde foi desenhada pelo alicantino ao terceiro da tarde, um negro bragado, nascido em Janeiro de 2006 e de 530kg de peso. Saiu dos toriles com um comportamento estranho, algo adormecido, e ainda se ouviu das bancadas pedidos para recolhe-lo aos currais mas pouco preocupado com isso, Manzanares recebeu-o com verónicas ajustadas que terminaram com uma média de excelente nota. Após o recibo de capote o toiro deu uma voltereta e parece que foi aí que acordou e começou a revelar o que trazia dentro.
Depois de um tercio de varas correctíssimo e um excelente tercio de bandarilhas, que mereceu uma calorosa ovação, começou a aguardada faena de muleta. Manzanares levou o toiro até ao centro da arena e nesses terrenos lidou o Juan Pedro Domecq do início ao fim da faena. Bastaram cinco séries para que esta faena se tornasse gigante. Manzanares a citar sempre “de largo” e a ligar os passes num toureio em redondo bastante templado e o toiro a investir a trote mas com prontidão, a repetir se hesitar e a meter a cara humilhando. A praça de Córdoba estava rendida! E após estas cinco tandas, quatro pelo lado direito e uma pelo esquerdo onde o toureiro sem pressas foi dando tempo entre cada série, Manzanares matou o toiro no centro da arena, numa sorte a receber onde o Juan Pedro Domecq entrou literalmente pela espada a dentro e o toureiro imóvel como uma estátua limitou-se a apontar a espada ao centro da cruz. Como não podia deixar de ser, o toiro começou a sangrar pela boca de imediato e caiu com “las cuatro patas arriba” no centro do ruedo. Duas orelhas para Manzanares e forte ovação para o toiro.
Também o 6º da tarde, um jabonero nascido em Janeiro de 2007 e de 505kg de peso foi aproveitado da melhor forma pelo alicantino. Depois de se ver actuar uma das melhores quadrilhas da actualidade, com um forte aplauso para o picador que aguentou bastante bem o emocionante primeiro puyazo, e uma calorosa ovação aos bandarilheiros, com a praça em pé, começou mais uma faena de muleta no centro do ruedo. As expectativas eram altas! O Juan Pedro Domecq tinha uma investida ainda mais templada que o primeiro de Manzanares, chegando mesmo a investir a passo. Após a primeira tanda já soava a música no Coso de los Califas, no final da segunda série a praça estava rendida ao espectáculo que tinha diante dos seus olhos, e assim foi até ao final. Manzanares a gerir como ninguém o pouco fundo deste Juan Pedro Domecq, fazendo tudo com muita calma e absorvendo da melhor forma as investidas nem sempre fáceis deste jabonero. Outra gigante estocada à primeira tentativa e mais duas orelhas, após forte petição! A tourear assim nem José Tomás o consegue parar!
História desigual teve Morante de la Puebla no seu lote. O seu primeiro (2º da corrida), um negro bragado de 510kg e nascido em Janeiro de 2007, meteu bem a cara no capote de Morante, que desenhou bonitas verónicas, com temple e gosto, terminando com uma media estupenda. Mas pouco mais há para contar desta faena, após o tercio de varas deixou de haver toiro. Nas bandarilhas já estava “pregado” à arena e na muleta custava-lhe a investir, não se arrancava, ficava curto e não transmitia nada. Depois de três séries sem um único muletazo para assinalar, o sevillano matou este Juan Pedro Domecq com uma meia estocada ao terceiro intento. Assobios para o toiro. Silêncio para Morante.
No segundo do seu lote (5º da corrida), um castanho nascido em Dezembro de 2006 e de 515kg de peso, vimos um Morante esforçado e com vontade de triunfar. Recebeu-o com verónicas a pés juntos mas desde logo o toiro lhe apresentou as suas dificuldades, derrotando com a cara alta no capote. Nas bandarilhas o toiro parecia a cópia do primeiro do seu lote, “pregou-se” ao ruedo, sem se mover por mais que os bandarilheiros se aproximassem e quando se arrancava não metia emoção em nada. Pouco se aguardava desta faena mas Morante fez das tripas coração e arrancou uma faena de mérito a um toiro que nunca se mostrou colaborador. Este Juan Pedro Domecq tinha uma investida descomposta, derrotava alto e custava-lhe a investir mas Morante nunca se intimidou e conseguiu sacar-lhe seis tandas, que fizeram vibrar os tendidos. Perdeu a orelha na sorte suprema, uma meia estocada agarrada mas que não foi efectiva, tendo apenas caído no ruedo após Morante descabellar à primeira tentativa. Forte ovação para Morante. Alguns assobios para o toiro.
Ponce, apresentou-se disposto e com vontade de tourear mas foi o que teve menos possibilidades de chegar aos tendidos. O seu primeiro, um colorado melocotón, de 500kg de peso e nascido em Fevereiro de 2006, apenas durou até ao final da segunda séria de muleta, onde o Maestro embebeu as investidas do toiro em derechazos profundos e templados. A partir daí o Juan Pedro Domecq começou a custar-lhe a investir e a ficar cada vez mais curto e nem mesmo a entrega de Ponce fez com que fosse possível fazer faena. Uma meia estocada no sítio certo pôs fim a esta faena que foi a menos. Destaque para o bom tercio de bandarilhas, que foi onde melhor esteve este toiro. Palmas para Ponce.
O segundo toiro do valenciano (4º da corrida) foi um Jabonero nascido em Fevereiro de 2007 e de 520kg de peso. Desde o inicio mostrou que também não ia facilitar a vida a Enrique Ponce, no capote meteu bem a cara mas saia distraído, nas bandarilhas esperava os bandarilheiros e cortava-lhes terrenos e na muleta apenas durou cinco tandas porque diante dele tinha um catedrático do toureio que tirou do toiro tudo o que este tinha e o que este não tinha. Uma investida complicada, a falta de prontidão e sobretudo a falta de transmissão foram os argumentos que o toiro apresentou e que não permitiram a Ponce ligar os muletazos e chegar ao público cordobés. Depois de meia estocada um pouco descaída, matou este 4º da corrida com o descabello ao 2º intento. Palmas para Ponce. Assobios para o toiro.
E assim decorreu a 4ª corrida do abono do Coso de los Califas, em Córdoba. Uma boa tarde de toiros, onde se viu um pouco de tudo mas sempre com o público bastante “metido” no que se passava na arena. No final ninguém queria arredar pé das bancadas, todos queriam assistir à volta à arena de Manzanares em ombros e desfrutar da corrida até ao último momento! Está bem viva a festa dos toiros!