Assim se Pegou na Póvoa do Varzim
24 de Julho de 2011 - 18:06h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 2673 |
A XV Corrida Tv Norte teve, como de costume, casa cheia. Um troféu em disputa para a melhor lide por entre seis Cavaleiros, cinco de alternativa e uma praticante. Ainda, um troféu para a melhor pega com três grupos de forcados dispostos a levá-lo para casa.
Um curro de toiros que pasta nos vales do Mondego, da ganadaria de Higino Soveral que regra geral teve um comportamento com grande transmissão, a pedirem suor e arte aos cavaleiros, sempre fixados nas sortes e a demonstrarem que um curro com emoção é outra coisa de se ver. Excepção no comportamento do primeiro e em especial do último dos que saíram em praça.
Abriu praça Joaquim Bastinhas, que detém um estatuto de enorme popularidade em terras nortenhas e isso notou-se em toda a lide do toiro que lhe coube em sorte. Com 550Kg, o mais pesado da corrida, de pelagem branca e cujo comportamento foi de mais a menos. Nos compridos nada de especial há para contar, a não ser a forma como o hastado perseguia com codícia e a galope o cavaleiro de Elvas. Toques na montada aqui, empurrões acolá e vamos lá para os curtos. A banda toca para Bastinhas ao fim do segundo curto sem que nada o justificasse. Foi buscar o Tivoli e confirma a música com um bom ferro. Terminou com o habitual par de bandarilhas a pedido do público, em terrenos muitíssimo apertados e por isso levou mais ligeiro toque na montada.
Sónia Matias recebeu um toiro com 480Kg. O exemplar fixou-se nos médios durante toda a lide e sempre de olhar cravado no cavalo. Empregava-se no momento da reunião, empurrava o mais que podia e galopava com todas as suas forças em busca da montada. O primeiro comprido de Sónia não partiu e nos curtos falhou o seu primeiro, apesar de muito bem preparado pela cavaleira. Terminou a lide com seu melhor ferro da noite, um violino bem executado e de excelente colocação.
O terceiro toiro do lote pesava 460Kg e foi o único que saiu em praça sem boa cara. O exemplar, bisco no “piton” esquerdo pediu muitas contas à cavaleira de Salvaterra. Ana Batista efectuou uma lide de mais a menos. Se a história da lide nos compridos foi de muita rectidão, nos curtos há a destacar que ensinou ao toiro tudo o que ele não deveria saber, algo que já a vimos fazer anteriormente. Demasiadas passagens pelo “piton” direito do toiro, desequilibrando-o por completo e com o exemplar a adiantar-se para as reuniões. Destaque para a preparação do seu terceiro curto. Terminou a lide com um ferro de palmo que nada acrescentou ao que já tinha feito.
O grande triunfador da noite, com o prémio de melhor lide atribuído pela Casa do Pessoal da RTP, foi Marcos Tenório Bastinhas. O exemplar que lidou tinha 535Kg e excelente apresentação. O toiro era mais desinteressado do que os anteriores mas Marcos soube dar-lhe a volta. Apesar do seu primeiro curto ter sido colocado muito traseiro, os seus segundo e terceiros ferros foram iguais entre si e bons em todas as suas vertentes, na preparação, na largura do cite, nas distâncias em que abriu o “quarteio” e na colocação. Mais um violino sem que nada se lhe possa apontar, um ferro de palmo em tábuas e terminou a lide com um par de bandarilhas que não esteve ao nível dos ferros anteriores mas que em nada diminuiu a sua actuação.
Tomás Pinto entrou em praça a saber que para ficar com o troféu, teria de se empregar bastante, pois Marcos Bastinhas tinha acabado de deixar a fasquia bem alta. E assim o fez. Mandou a quadrilha sair da arena, recebendo o seu exemplar de 450Kg, o melhor em comportamento de toda a corrida, na porta dos curros. Só que o toiro, de nome Importantíssimo, nada quis e o cavaleiro teve de fazer pela vida para atrair a sua atenção. Nos compridos esteve bem na brega e a cravar um total de três ferros, com o último desta série a ser especialmente bom, com todas as vantagens a serem dadas ao toiro. Assim foi toda a lide de Tomás Pinto, onde privilegiou um toureio frontal, com imensa largura nos cites e onde deu sempre a primazia do arranque ao seu oponente. Falhou o primeiro curto e levou dois ou três toques ligeiros no cavalo por não medir bem as distâncias. Todos os seus ferros foram cravados de cima para baixo como mandam as regras de toureio clássico. O público estava ligado com o cavaleiro, Tomás Pinto cravou um violino e um ferro de palmo em terrenos cambiados. A lide terminou com o melhor desenho de sorte de um violino de toda a noite. A dúvida reinou até ao final para saber a quem seria atribuído o troféu “Casa do pessoal da RTP”.
Ana Rita que era para tirar a alternativa nesta noite na Póvoa do Varzim, resolveu adiar a mesma, fechou praça como cavaleira praticante. Em boa hora o resolveu fazer, pois a sua lide teve tudo o que há de mau. É certo que o exemplar que lhe saiu em sorte, com 450Kg, foi o pior da noite, podendo mesmo considerar-se de péssimo em comportamento, mas Ana Rita teve dificuldades em dar-lhe a volta. Se nos compridos esteve assim-assim. Nos curtos, o seu primeiro é colocado quase no ventre do hastado. Toque atrás de toques, falhou o seu segundo e o terceiro ficou tão mal colocado como o primeiro. O quarto foi um bom ferro, com uma sorte bem desenhada e finalmente bem colocado. Recebe um primeiro aviso, coloca mais uma vez mal um violino. Recebe o segundo aviso e crava dois ferros de palmo que em nada salvaram a sua actuação. Por fim o terceiro aviso e Ana Rita abandona a praça sem soar uma única nota da banda da Nazaré.
A noite tinha um público entusiasta, vibrante e em nada silencioso. Factor esse que permaneceu durante os cites para as pegas. Assim, o melhor da noite foram as pegas rijas e com muita emoção que os três grupos em praça proporcionaram em busca do outro troféu em disputa.
O Grupo de Forcados Amadores da Moita resolveu as duas pegas à primeira tentativa. Abriu a noite o cabo Pedro Raposo com uma pega em que o toiro partiu de largo, em velocidade, empurrou o grupo duas vezes para as tábuas e em que Pedro aguentou diversos e violentos derrotes. Uma bela pega.
Rui Pragana não teve um toiro que complicasse muito, pois o grupo fechou-se muito bem e consumou a pega com galhardia.
Pelo grupo do Aposento do Barrete Verde de Alcochete pegou o cabo João Salvação também à primeira tentativa, a citar nos terrenos do toiro e com o grupo a concretizar.
A segunda pega do grupo coube a Pedro Bicho, que citou largo e a mandar no toiro, mas este ensarilhou e não permitiu que o forcado se fechasse. À segunda tentativa, o exemplar voltou a ensarilhar, o forcado esperou bem e fechou-se com apoio de todo o grupo. Grupo que foi empurrado para o chão pelo hastado por duas vezes.
A terminar, o Grupo de Forcados Amadores de Alenquer teve na cara André Mata que pegou à primeira tentativa. O toiro partiu largo e em velocidade, André encaixou-se de imediato no seu oponente, este derrotou mais do que é esperado e com o grupo a não ser capaz de evitar que fosse André Mata a aguentar tudo sozinho. Deu a ideia que depois de lá se colocar, nada o tiraria dali. Uma senhora pega que lhe fez ganhar o prémio em causa.
Pedro Coelho, pegou à segunda tentativa com o cite em cima do toiro, fechando-se à barbela, novamente o toiro a derrotar imenso e outra excelente pega era consumada pelo grupo de Alenquer.