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Boa mas longa a noite de Toiros em Alcochete

Casa quase cheia para assistir à 2ª grande Corrida do Município de Alcochete.
11 de Julho de 2011 - 09:18h Crónica por: - Fonte: - Visto: 2712
Boa mas longa a noite de Toiros em Alcochete

Casa quase cheia para assistir à 2ª Grande Corrida do Município de Alcochete que tinha como principal atractivo a comemoração dos 40 anos do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete.

Estiveram em praça cerca de 100 forcados do grupo para comemorar a data e algumas antigas glórias foram novamente os protagonistas. O espectáculo foi bom mas longo, pois só terminou faltavam cerca de 10 minutos para as duas da manhã.

Iniciou a noite o cavaleiro amador António Prates que por se tratar de um festival taurino, efectuou as cortesias a solo juntamente com oito forcados do grupo de Alcochete. Pois querem ver um menino de 13 anos pisar os terrenos dos toiros como um autêntico cavaleiro de alternativa? Ei-lo. António Prates não teve quaisquer problemas em andar sempre na cara do novilho de José Samuel Lupi, de o colocar em sorte ou mesmo de arriscar ferros com a saída da montada completamente tapada, como sucedeu no seu 2º comprido. Este tipo de risco é bem agradável de ver a um cavaleiro amador de idade tão baixa. É certo que a experiência acumulada irá limar as doses de risco e evitar consequentemente os toques na montada mas temos perante nós um cavaleiro que se prosseguir desta forma, poderá tornar-se um dos que gosta que a emoção ande com ele de mãos dadas. Terminou a lide com dois ferros curtos de elevada nota e um cavalo que citava apenas com os posteriores.

Para pegar o novilho esteve uma jovem promessa do grupo de Alcochete, António José Cardoso (“Néné Júnior”). Na sua primeira tentativa não teve tempo para citar, o novilho arrancou de imediato e ensarilhou no momento da reunião, deixando o forcado fora da cara.

Na segunda tentativa a história é em tudo idêntica. Pegou à terceira e sem espinhas.

Quanto ao que à corrida de toiros diz respeito lidaram-se seis exemplares de Passanha Sobral de comportamento desigual.

João Salgueiro não teve uma noite muito feliz. Se o seu primeiro toiro era o mais mal apresentado dos que saiu em praça, a lide também não tem muito para contar. O exemplar era manso, sem trapio e pouco ou nada caminhou, imaginem se corresse ao menos. Quando Salgueiro resolveu encurtar distâncias a citar, conseguiu colocar um bom 4º ferro curto. O seu segundo, um toiro “calçado” e bem apresentado de 560Kg, demorou imenso para sair dos curros. Tanto demorou, que Salgueiro teve mesmo de aquecer a montada enquanto esperava. O cavaleiro, após enorme espera, só entendeu o oponente depois de colocar o 1º curto. O seu segundo e quarto ferros foram de excelente nota.

João Moura Caetano teve duas lides bem agradáveis apesar de toiros de comportamento diferente. O seu primeiro, um exemplar de 570Kg, veio com disposição, estava muito bem apresentado e o cavaleiro colocou o primeiro ferro comprido como se de um curto este se tratasse. O segundo comprido só não teve o mesmo sabor porque o toiro escorregou no instante da reunião. Nos curtos, os ferros primaram pela excelente colocação, pela qualidade dos cites, tendo sido o seu último ferro o melhor da lide. O que teria sido deste toiro se os seus bandarilheiros não o tivessem desgastado nas constantes e excessivas entradas na arena? 

O seu segundo do lote, era menos colaborante, tinha crença nas tábuas, pouco se mexeu e por isso, o mérito da lide vai para o esforço do cavaleiro em fixar o toiro para as sortes.

A noite de Manuel Lupi foi a mais regular dos cavaleiros de alternativa. A sua primeira lide é de nota superior. Monta com a mão esquerda sempre nas rédeas e a direita nos ferros. Os compridos são de nota muito elevada. Nos curtos apesar de o toiro procurar as tábuas, Lupi conseguiu sempre encontrar solução para o seu oponente. Terminou a sua 1ª actuação com dois ferros de palmo.

O seu segundo toiro não era tão disponível mas proporcionou uma lide com ferros curtos muito bem colocados, em especial o 1º e o 2º em que os quiebros foram executados em terrenos de compromisso. Terminou a lide com um ferro de palmo a pedido do público.

Nas pegas assistiu-se a uma noite rija com antigos e actuais forcados do grupo a demonstrarem o porquê de o grupo de Forcados Amadores de Alcochete ser um dos grupos de excepção no panorama actual.

Na primeira da noite, esteve na cara António Manuel Cardoso (“Néné”), que efectuou à 2ª tentativa, com um silêncio dilacerante em praça. Se a primeira tentativa não foi consumada, deve-se ao facto de o toiro ter fugido por duas vezes ao grupo, sempre com “Néné” bem colado à cara e a aguentar os violentos derrotes. Na segunda, efectuou uma pega em que citou de largo e mandou no toiro. O grupo respondeu com o brilhantismo que se lhe reconhece.

Na segunda pega da noite, outra antiga glória do grupo, António José Pinto também resolveu com muita classe à 2ª tentativa apesar dos violentos e constantes derrotes que sofreu na cara do toiro.

De seguida pegou Carlos Dias também à segunda tentativa e com uma valorosa e fundamental 1º ajuda que ditou que a pega fosse consumada.

Estevão Leiro foi o homem que se seguiu, sem tempo para citar, o toiro arrancou de pronto e a pega estava consumada à 1ª tentativa.

Se há forcados de excepção, Vasco Pinto é um desses. O cabo do grupo pegou o quinto toiro da noite. Não teve tempo também para citar, o toiro mal se virou, e foi muito cedo que o resolveu fazer, obrigou o forcado a ajeitar o barrete, recuar o necessário e encaixar-se nele, como se duas peças exactas de construção milimétrica assim fossem.

Fechou a corrida outra antiga glória do grupo, João Pedro Bolota. Fez o melhor e mais vistoso cite da noite, pegando à primeira tentativa com os ajudas a colocarem o forcado na cara do toiro.

Para terminar quero deixar um apontamento para o fabuloso solista que a banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro 1898 de Alcochete possui. A sua prestação em praça deu uma sonoridade superior em todos os paso-dobles e foi saudado com frequência pelo público por esse mesmo facto. Sem ele a corrida não teria sido a mesma.

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