Bastinhas e Académicos de Elvas vencem Troféus na Figueira da Foz
29 de Agosto de 2011 - 08:49h | Crónica por: Filipe Pedro - Fonte: - Visto: 2308 |
Casa cheia para assistir à 6ª Grande Corrida RDP na Figueira da Foz. Um curro de toiros da ganadaria de Manuel Coimbra, que no geral saíram bem apresentados e com disposição, para seis cavaleiros de alternativa e dois grupos de forcados, a competirem por dois troféus para melhor lide e melhor pega, respectivamente.
Joaquim Bastinhas de casaca castanha vestida, recebeu o primeiro e desinteressado exemplar Coimbra, de 515Kg. Nos compridos, colocou três ferros que serviram apenas para espevitar um oponente que demonstrava possuir mobilidade relativa e pouco interesse na montada.
Nos curtos, viajou com o toiro na garupa em quase três voltas completas á praça para depois colocar o primeiro ferro a cilhas passadas. O toiro perdeu-se em mobilidade e interesse e o cavaleiro de Elvas contornou um oponente imóvel e fixo nos médios para depois de uma primeira passagem em falso, colocar um ferro ao estribo que elevou os aplausos das bancadas.
O director de corrida mandou a banda tocar e Bastinhas, apesar de uma excelente brega para colocar o toiro em sorte e de o desenho da mesma ter sido irrepreensível, deixa o toiro passar no momento da reunião e coloca o ferro à garupa. Seguiu-se mais uma rosa ao estribo e quando o cavaleiro de Elvas se preparava para sair, o ensurdecedor pedido do público para o tradicional par de bandarilhas. Como sempre, Joaquim Bastinhas acede ao pedido com o ajeitar das rédeas e umas palmas que avisam que a sorte será efectuada. Colocou o par no corredor e deixou uma praça em pé a aplaudir com gosto. Recebeu o troféu para melhor lide.
O segundo exemplar da ganadaria Coimbra, com 500Kg e imponente de cara, saiu em praça para Luís Rouxinol, que vestia uma casaca verde garrafa. O toiro demonstrava vontade em bater, o que acabou por acontecer quando o cavaleiro de Pegões colocou o segundo ferro comprido. As bancadas aplaudiam em cadência a espera pela colocação do primeiro curto, um bom ferro em que Luís Rouxinol esperou o arranque do toiro e colocou de cima a baixo. O toiro era sério no momento da reunião e apesar de levantar a cara, espalhava emoção por toda a praça. O segundo, terceiro e quarto ferros são iguais. Citados de frente, com primazia de arranque ao oponente e colocação irrepreensível. Após um bom par de bandarilhas colocado nos médios, terminou a lide com uma rosa.
José Manuel Duarte vestia casaca azul e recebeu um oponente com 475Kg que lhe deu um pequeno aperto logo de entrada. O primeiro comprido é citado de frente e colocado como se um curto se tratasse (merecia que a banda tivesse tocado). O segundo comprido teve o mesmo desenho de sorte mas acabou por não ter o mesmo resultado na reunião, com a montada distante do hastado. Nos curtos, pescou o primeiro ferro a um oponente que não se empregava na reunião nem no remate da sorte. Na brega o cavaleiro teve de aplicar-se, pois o toiro apesar de não romper a galope, era andarilho e não se fixava. O público gostava do labor que o cavaleiro prestava à lide e aplaudiu a colocação do segundo curto que primou pela colocação de alto a baixo e pela qualidade do cite frontal. Do mesmo modo que o anterior são colocados os terceiro e quarto ferros curtos, a um toiro que foi subindo na entrega, principalmente por se empregar mais no momento da reunião mas furtava-se aos remates dos ferros. Com uma rosa colocada ao estribo de forma exemplar, José Manuel Duarte encerrou uma actuação de nota muito elevada.
Também vestia casaca azul Gonçalo Fernandes, que demorou cerca de três minutos para colocar o primeiro comprido ao toiro de 490Kg que lhe estava destinado. Após colocar o segundo comprido, o hastado empurrou o cavaleiro para tábuas, encaixou-se nele e viajou quase até aos médios a empurrar o cavaleiro que tentava libertar-se do oponente com o auxílio do ferro. A cesgo colocou o primeiro curto à tira, desenho que elaborou para o segundo ferro que foi colocado a milhas do toiro. O terceiro ferro não ficou e o público puxava com palmas pelo director de corrida. Gonçalo Fernandes coloca mais um curto e sofre um violento empurrão. A lide decorria com dificuldades, com o toiro a guardar-se em tábuas e o cavaleiro a passar por três vezes em falso, consequência de abrir demasiado cedo o quarteio, quando tentava colocar mais um ferro a cesgo. Terminou a lide com um ferro colocado demasiado à frente da cruz, sem soar uma única nota da banda da Nazaré e com bronca das bancadas para com o director de corrida. No final recusou-se a dar a volta a arena.
Tomás Pinto vestia uma casaca “bordeaux”, e recebeu o exemplar de 495Kg à porta gaiola. O toiro foi substituído de imediato por evidenciar dificuldades de locomoção. Dificuldades que se esfumaram de vista, no momento em que o toiro era recolhido. Teve de esperar pela lide de João Maria Branco, pois o “sobrero” de 530Kg seria o último a sair. Voltou a receber à porta gaiola e colocou dois ferros compridos com distinção. O primeiro curto é perfeito a todos os níveis, na brega, no cite frontal, na primazia de arranque que concedeu e na colocação. Ordem para a banda tocar e o segundo curto quase tirado a papel químico do anterior, não fosse o toque no momento da reunião. O ferro seguinte pecou por uma colocação traseira e posteriormente coloca um bom violino, precedido de uma tentativa falhada. As bancadas premiavam Tomás Pinto com aplausos que resultaram numa rosa em terrenos de elevado compromisso. Terminou uma boa lide com um violino.
De casaca vermelha surgiu em praça o cavaleiro João Maria Branco para lidar o último exemplar Coimbra com 496Kg. Arriscou uma sorte gaiola no primeiro comprido que ficou muito traseiro. Rectificou no segundo que primou pela colocação, a um oponente que se locomovia a passo. Sem trocar de montada passou para os curtos e colocou demasiado dianteiro um ferro citado de frente, em que abriu demasiado cedo o quarteio. Trocou de montada e ao reentrar em praça a banda começou a tocar. O público aplaudia a brega do cavaleiro, que comprometeu o trabalho ao receber um toque ao colocar o segundo curto. É empurrado com violência ao colocar o terceiro curto e o cavaleiro incitava as bancadas com gestos de satisfação e êxito. No quarto, é novamente empurrado com violência e o desfecho foi dramático, com cavalo e cavaleiro no chão. O toiro, após se afastar, regressa para investir na montada que não se livra de mais um empurrão, para desespero de João Maria Branco que saiu de praça sem brilho e a cambalear. Regressou com nova montada e cheio de garra para colocar mais dois ferros que levantaram as bancadas. A sede de se mostrar retirou-lhe a humildade que seria necessária para não ter dado volta à praça.
Pelo Grupo de Forcados Amadores de Tomar, Paulo Parker pegou á primeira tentativa, onde efectuou um cite em que mandou no toiro, que empurrou a direito e com o forcado a reunir à córnea.
Pedro Miguel teve o seu bonito cite estragado por um toiro que não quis arrancar. Com a ajuda de um capote o toiro lá arrancou e empurrou a direito e sem derrotar para o grupo, que de forma firme e coesa consumou a pega.
Henrique Carraça não se fixou no toiro na primeira tentativa. Na segunda o toiro não queria arrancar e Henrique Carraça chegou-se demasiado aos terrenos do toiro, que assim que sentiu o forcado derrotou alto e com violência, desfazendo a pega e maltratando o forcado que levou algum tempo a restabelecer-se. Volto para pegar à terceira tentativa, com ajudas mais carregadas e com o grupo a revelar novamente, enorme coesão para consumar a pega.
Pelos Académicos de Elvas, David Barradas não consegui reunir à primeira tentativa, num toiro que partiu de pronto e com pata. À segunda, partiu do mesmo modo, com o forcado a fechar-se à barbela do toiro, que levantou demasiado a cara e derrotou em simultâneo com violência, tirando o forcado da cara. Pegou à terceira tentativa com ajudas carregadas e com os primeiros ajudas a serem sacudidos pelo caminho durante a viagem.
Tiago Fernandes agarrou um toiro que partiu com muita velocidade, bateu com violência no forcado, que aguentou uma viagem até ao grupo que o esperava em tábuas. Quando já nada o fazia prever, o forcado não teve mais forças e a pega desfez-se. Pegou de igual modo à segunda tentativa. Recebeu o troféu para melhor pega.
Roberto Ameixa ainda estava a citar, quando o toiro arrancou. O forcado aguentou e recuou o mais que pode, fechando-se à córnea num derrote alto e violento, com o grupo a consumar a pega sem espinhas.