Ganadaria Prudêncio Triunfa na Nazaré
21 de Agosto de 2011 - 15:46h | Crónica por: Sérgio Lavado - Fonte: - Visto: 3096 |
Foi com as bancadas quase cheias que a bonita praça da Nazaré recebeu mais um cartel de luxo, numa corrida em que estavam em disputa os prémios para a melhor ganadaria e para a melhor pega da noite. À praça saiu um toiro de Paulino da Cunha e Silva Herd. que se apresentou distraído mas que se veio a mais, um Prudêncio de boa condição que ganhou o prémio de melhor ganadaria, um Manuel Veiga complicado e pouco colaborador, um Ruy Gonçalves que não se chegou a ver como era, um Manuel Coimbra manso e distraído e um Pégoras que se deixou lidar. A cavalo montou Rui Salvador que esteve em bom plano numa lide de menos a mais, Luís Rouxinol que esteve bem frente ao melhor toiro da noite, José Manuel Duarte que efectuou uma lide com pouco para contar, João Pedro Cerejo que apenas proporcionou sustos e gargalhadas às bancadas, Sónia Matias que não teve possibilidades frente a um manso e João Telles Jr. que mais uma vez voltou a receber aplausos em pé das bancadas. As pegas estiveram a cargo do Aposento do Barreto Verde de Alcochete, com uma à segundo e uma à primeira, dos Amadores da Chamusca, com duas ao primeiro intento e do Aposento da Chamusca, também com duas à primeira tentativa.
A noite começou bem, com uma lide bastante bem conseguida por parte de Rui Salvador. Dos toriles saiu-lhe o toiro de Paulino da Cunha e Silva Herd., um negro, nascido em 2007 e de 590Kg de peso. Este primeiro da noite saiu distraído e sem fijeza na montada mas depois de Salvador lhe cravar três compridos de boa nota, a bravura veio “ao de cima” e o toiro começou a colaborar mais com o cavaleiro. Rui Salvador cravou curtos emotivos, desenhando reuniões em distâncias curtas e cravando ao estribo. Diogo Timóteo, pelo Aposento do Barrete Verde de Alcochete, consumou ao segundo intento numa pega rija, com o toiro a empurrar até às trincheiras. Em bom plano esteve também o primeiro ajuda, que bastante contribuiu para que a sorte se consumasse.
O segundo da noite viria a ser o ganhador do prémio para melhor ganadaria em praça. Da ganadaria Prudêncio, este bonito negro, nascido em 2008 e de 555Kg de peso, calhou em sorte a Luís Rouxinol, que lhe proporcionou uma lide à altura. Este Prudêncio tinha presença no ruedo, arrancava-se de largo a galope e sempre com a mirada fixada na montada, proporcionava reuniões emocionantes e arreava depois das sortes. Tinha um ligeiro defeito: por vezes “tirava a cara” no momento da reunião, mas Rouxinol soube encobri-lo bem. O cavaleiro de Pegões começou com dois excelentes compridos, dando vantagens ao toiro e adornando as sortes com bregas ajustadas, nos curtos esteve ao seu estilo e terminou com um excelente ferro de palmo e um vibrante par de bandarilhas que incendiou as bancadas da Nazaré. Para a cara deste excelente exemplar de bravura partiu Igor Rabita, pelos Amadores da Chamusca, que “arrancou” uma pega duríssima, que começou com uma violenta reunião e terminou com o toiro a fugir ao grupo, mas Igor bem fechado à córnea conseguiu consumar ao primeiro intento. Duas merecidas voltas à arena para o forcado da cara.
A José Manuel Duarte tocou-lhe um complicado Manuel Veiga. De escasso trapio, este 3º da corrida apresentou-se de pelagem burraco, nascido em 2008 e de 480Kg. Sempre que investiu foi para se defender e nunca para atacar, na hora de se colocar em sorte, este Manuel Veiga complicava bastante a vida a José Manuel Duarte, depois “pregava-se” à arena e quando se arrancava cortava terrenos à montada. O cavaleiro andou correcto mas sem nunca chegar aos tendidos, salvo no 2º ferro comprido que foi bastante bem executado. Pelo Aposento da Chamusca, Francisco Montoya efectuou uma grande pega à primeira tentativa, com o grupo a estar tecnicamente bastante bem.
O quarto toiro da noite, que parecia de boa condição, não se chegou a ver. Este bonito Ruy Gonçalves, negro de pelagem, de 580Kg e nascido em 2007, foi lidado de forma horrorosa por João Pedro Cerejo. O cavaleiro mostrou-se pouco conhecedor do que é a arte de tourear a cavalo e sempre que se desenhava uma sorte era uma angústia para o público da Nazaré. Cerejo começava a recortar terrenos com muitíssima antecedência, aparentando andar a medo frente a este Ruy Gonçalves, que frente a isto lhe cortava inevitavelmente a saída das sortes. Devido a este desacerto, o cavaleiro sofreu uma aparatosa colhida ao cravar o 3º comprido, sendo lançado ao solo e instalando-se o caos no ruedo. Uma lide para esquecer, em que das bancadas apenas se ouviram “ahhhi” ’s e gargalhadas. Muito diferente foi a pega de João Salvação Barreto, cabo do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, que com um “par de braços” gigantesco se agarrou com valentia à córnea, consumando ao primeiro intento depois de um heróico esforço.
Sónia Matias não teve quaisquer possibilidades frente ao 5º da noite, um manso distraído da ganadaria de Manuel Coimbra. Este negro bragado, nascido em 2007 e de 515Kg de peso não mostrou o mínimo interesse pela montada, passando toda a lide à volta das trincheiras procurando uma saída. Frente a isto, Sónia cravou cinco fastidiosos ferros (dois compridos e três curtos) e retirou-se do ruedo. Nuno Marques, cabo dos Amadores da Chamusca consumou à primeira numa pega fácil mas de grande mérito, já que o toiro se arrancou para o forcado com a cara descomposta e Nuno soube templar bastante bem o momento da reunião.
E encerrou a noite João Telles Jr., que desenhou uma excelente actuação frente a um toiro de Pégoras que se deixou lidar. Este colorado, nascido em 2007 e de 490Kg de peso foi recebido por Telles Jr. com dois compridos de excelente nota, um primeiro de praça à praça e um segundo ao quiebro. Começou os curtos da melhor forma com outro quiebro que o público aplaudiu com força, continuou com mais dois curtos bastante bem conseguidos e finalizou com um arriscado ferro de palmo e, a pedido do público, um violino que pôs a afición da Nazaré em pé a aplaudir. Pedro Coelho dos Reis, cabo do Aposento da Chamusca, rematou a actuação com uma pega tecnicamente bastante boa, com o forcado da cara a fechar-se à barbela e o grupo a ajudar bastante bem, consumando ao primeiro intento.
No final, devido a igualdade no número de votos, o prémio para a melhor pega da noite não foi atribuído a nenhum dos grupos de forcados, voltando a estar em disputa pelos mesmos grupos, na mesma praça a 8 de Setembro.