José Tomás Abaixo das Expectativas em Huelva
04 de Agosto de 2011 - 17:01h | Crónica por: Sérgio Lavado - Fonte: - Visto: 2207 |
Huelva, 03 de Agosto de 2011
Praça de toiros de la Merced, na cidade de Huelva. Assinalava-se uma das corridas de toiros de maior expectativa desta temporada, nos currais aguardava um curro de toiros de El Pilar, e de luces vestia-se o fenómeno José Tomás. Bilhetes esgotados há muito tempo, “tendidos llenos hasta la bandera”, em volta da praça todos os canais de televisão de Espanha gravavam imagens e faziam entrevistas aos numerosos famosos que se encontravam em Huelva.
Estavam todos os “ingredientes” reunidos para haver espectáculo no ruedo mas, como normalmente ocorre nestas ocasiões, as expectativas não chegaram a passar de isso mesmo: de expectativas. Muito por culpa da falta de transmissão e fundo dos toiros de El Pilar, não chegou a haver nenhuma faena que, de verdade, enchesse o coração aos aficionados, mas também um pouco, por culpa de José Tomás, que se apresentou algo diferente do que estamos habituados.
Emilio Silvera realizou duas faenas muito parecidas, nunca chegando a “aquecer” os tendidos em nenhum dos seus toiros. Na primeira saiu-lhe um burraco, nascido em Maio de 2007 e de 485kg de peso, em que se destacaram pela positiva as duas primeiras series pelo lado direito, onde Silvera enganchou o toiro na muleta e desenhou alguns muletazos profundos. Mas quando, na terceira tanda, se pôs pelo lado esquerdo começou a faltar toiro e a feana “arrefeceu” cada fez mais, culminando com uma meia estocada ao segundo intento. Aplausos. No segundo do seu lote, um colorado, que marcou na balança 505kg e nascido em Julho de 2007, Silvera mais uma vez não conseguiu conectar-se com os tendidos, efectuando uma faena que teve alguns pormenores de qualidade, que quiçá tenham passado um pouco desapercebidos ao público devido à “ânsia” de ver como corriam as coisas a José Tomás no seu segundo toiro. Matou este pouco encastado El Pilar de uma meia estocada um pouco descaída. Aplausos. Não deixar passar em branco o excelente tercio de bandarilhas deste 4º toiro da tarde, onde um dos bandarilheiros (2º par) até se deu ao luxo de realizar um câmbio, sedo chamados à arena para receber uma calorosa ovação.
O segundo da tarde, um negro, nascido em Março de 2007 e de 495kg, calhou em sorte à máxima figura do toureio actual: José Tomás. Este foi o exemplar do curro que apresentou melhor condição, arrancava-se de largo, repetia, metia bem a cara no engano e humilhava bastante, mas carecia do mesmo problema dos seus irmãos: falta de transmissão! José Tomás recebeu-o com lances de capote bem templados e depois do primeiro puyazo elaborou um vibrante quite por chicuelinas, onde se ouviu a primeira grande ovação da tarde mas também onde ocorreu o primeiro susto, uma fez que num dos lances o toiro lhe tirou o capote das mãos, ficando o toureio à mercê do animal. Mas não passou de isso: um susto. Na muleta a feana iniciou-se algo fria mas o poderoso José Tomás sacou tudo o que o toiro tinha para dar desenhando uma feana de menos a mais, sempre com grande temple e poderio. Mas quando os tendidos já estavam quentes, na sexta série, José Tomás sofre uma aparatosa colhida, que felizmente não teve graves consequências e a partir daí a “coisa” arrefeceu. Finalizou com uma grande estocada à primeira tentativa. Uma orelha e forte petição da segunda.
O segundo toiro de José Tomás (5º da corrida) apresentou-se de pelagem negra, com 515kg de peso e nascido em Maio de 2007. Não apresentou muitas facilidades este El Pilar, com uma investida descomposta e algo informal, mas o Maestro de Galapagar, fez juízo à sua posição de máxima figura e ensinou o toiro a investir terminando a faena com duas series pelo lado direito e umas manoletinas bastante ajustadas, que formaram um alvoroço nas bancadas de Huelva e fizeram lembrar o José Tomás de à dois anos atrás. Uma faena de mérito, que foi claramente de menos a mais, garantia-lhe a porta grande não fosse o desacerto na hora de matar, onde uma menos de meia estocada lhe fechava a porta grande da praça de toiros de La Merced. Ovação.
E por ultimo mas não em ultimo lugar: Daniel Luque, que talvez tenha desenhado a faena mais redonda da tarde no seu primeiro toiro (3º da corrida), um negro listón, nascido em Abril de 2007 e de 480kg de peso. Depois de um recibo de capote sem história, um quite por chiquelinas sem emoção e um tercio de bandarilhas para esquecer, pouco se aguardava da faena de muleta mas a verdade é que Luque desenhou uma faena carregada de emoção e de pormenores do inicio ao fim. Começou com uma série por ayudados, que terminou com um excelente trincherazo e um brilhante passe de peito e aí arrancou a primeira ovação. Depois de duas séries pelo piton direito e uma pelo esquerdo, carregadas de temple, ligação e onde Luque a cada passe encurtava mais as distancias, terminou a faena “em cima do toiro”, tirando tudo o que este tinha para dar. Finalizou com uma grande estocada ao primeiro intento que lhe valeu uma merecida orelha.
E talvez tenha sido o 6º da corrida o que menos tem para contar. Um negro listón, nascido em Abril de 2006 e de 515kg de peso, foi o toiro mais sério da tarde. Depois da primeira vara pediu-se com força o câmbio de toiro, dado que este parecia ter problemas de locomoção. O Director assim não entendeu, e Daniel Luque teve de tourear o que tinha por diante, que era um toiro que além de perder as mãos várias vezes durante a feana de muleta também tinha uma investida descomposta e pouco profunda. Desta forma o sevillano não teve possibilidades de se luzir e realizou uma faena com alguns bons muletazos mas sem nunca chegar aos tendidos. Matou ao segundo intento. Palmas para Luque, assobios para o toiro.