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Novilhada do Campo Pequeno sem Michelito sobrou em Marcelo Mendes e Daniel Nunes

Marcelo Mendes a cavalo e Daniel Nunes a pé, fizeram com a que a noite tenha valido a pena. Manuel Dias Gomes em dia não, foi por três vezes volteado sem gravidade.
20 de Junho de 2009 - 04:01h Crónica por: - Fonte: - Visto: 1545
Novilhada do Campo Pequeno sem Michelito sobrou em Marcelo Mendes e Daniel Nunes Sobre o Michelito já se sabe, a "culpa" foi da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco que atendeu às razões de direito alegadas pela Associação Animal, embora todos saibamos que esta não pretendeu pugnar pelos direitos do pequeno espada, cuidando sim de estragar a programada festa.
Michelito foi à arena e com microfone em punho disse na sua voz de menino o quanto lamentava não poder actuar. Agradeceu à empresa e aficcionados e despediu-se com votos de esperança de um dia poder apresentar-se na 1ª praça portuguesa.
A meia casa assim se manteve (mas talvez no íntimo muitos o esperassem no final à porta fechada, longe dos olhos da polícia e da justiça, mas tal acabou por não acontecer e a meu ver, muito bem).

Quanto aos factos:
À falta do triunfo que haveria a caber a Michelito, outros dois aconteceram com as actuações de Marcelo Mendes e Daniel Nunes.

Marcelo Mendes abriu a noite brindando a Michelito, o que recolheu um sonoro aplauso do público.
Coube-lhe um novilho de pelagem negra, bociblanco e listão com 508 kg e bravo de carácter que permitiu uma lide ligada, bem ornamentada e com transmissão. A ferragem comprida foi executada com sortes à tira a dois tempos e bem colocados à excepção do 3.º e último que desluziu pelo toque à garupa numa reunião a cilhas passadas.
Nas bandarilhas, o cavaleiro aproveitou a fijeza e maleabilidade do hastado para redobrar o acervo de adornos, em especial os ladeios por tábuas recortados por dentro em terrenos apertados. Colocou o 1º à tira, com distâncias curtas que resultou bonito; menos conseguido foi o 2º já que após passar em falso o cavaleiro optou por um violino à meia volta que poderia ter sido melhor; o 3º foi um palmo ao sesgo preparado com ladeio em tábuas. Nuno Nery conhecido já pela rigidez da sua direcção, foi mais uma vez contestado por negar mais um curto que o público pedia a Marcelo Mendes.

Soller Garcia, recebe devidamente o novilho negro listão com 479kg numa bonita brega a galope. O cavaleiro não andou mal mas esteve menor que o seu alternante já que não soube dar a volta ao novilho, menos bravo mas que se deixava lidar. Não lhe entendeu os terrenos demorando muito entre a preparação e cravagem de cada ferro. Cravou dois compridos regulares à tira: um de largo e outro ao sesgo.
Na ferragem curta, tenta mudar de terrenos e citar de largo, deixa o 1º à tira numa sorte acometendo que resultou bem; no 2º recebeu um toque à garupa porque o cavalo se "desbocou" no que seria uma batida ao piton contrário; o 3º e o 4º são cravados a cilhas passadas. O cavaleiro pede mais um ferro ao director e crava então em tábuas, à tira e ao estribo rematando a sorte por dentro.

As pegas foram levadas a cabo pelos Amadores da Azambuja, sob comando de Fernando Coração.

António Lourenço cita de largo o primeiro da noite mas não recua o suficiente aquando da investida algo solta pelo que ao segundo derrote sai da cara. Na 2ª tentativa vai buscar o novilho a tábuas e recuando correctamente fecha-se à barbela muito bem ajudado.
O rabejador sai no momento e lugar certos mas não teve lustro dados os já escassos recursos do exemplar de Manuel Veiga.

André Miranda consumou ao primeiro intento a pega do 2º da noite que foi buscar a terrenos quase impossíveis e aguentou recuando a investida incerta do novilho. Fechando-se sem dificuldade, foi levado "de carrinho" até tábuas onde o grupo tardiamente reuniu.

Daniel Nunes foi o 2º triunfo da noite porque assim o permitiu o novilho de 454kg, nobre de investidas profundas e humilhadas e com recorrido.
No 1º tércio destacou-se a série de Verónicas que levou de tábuas a médios seguida de Gaoneras.
Os três pares de bandarilhas não tiveram pecado sendo 1º e 3º colocados ao quarteio pela esquerda e o 2º à meia volta, cheios de valentia os subalternos assumaram-se "al balcon".
Na muleta houve verdadeiro entendimento nas duas primeiras séries pela mão direita mandando e templando. Também pela mão esquerda conseguiu uma série (das duas que efectuou) com brio e brilho.
Escasseando a pureza da investida termina a lide com uma série de manoletinas de bonito efeito. Simula a sorte suprema com a espada e ao natural.

Juan del Alamo deu início à lide do seu novilho de 434kg recebendo à verónica e passando a médios com chiculinas rematadas com uma bonita revolera.
Os subalternos do diestro concretizaram o tércio de bandarilhas a medo, entre o 1º e 3º pares colocados ao sobaquillo incompletos, valendo o 2º par colocado correctamente.
Na muleta não pôde o novilheiro mostrar aquilo que prometia o tércio de capote mas andou esforçado: inicia-se com derechazos desligados que acabaram em séries sem grande brilho ante a menor nobreza do exemplar. Não desistindo, procura muletezos que não só não entusiasmaram como lhe valeram uma voltareta desnecessária já que a faena havia ter terminado há muito.
Simulou o 3º tércio cravando uma bandarilha em sorte natural.

Manuel Dias Gomes, que havia sido já por duas vezes volteado quando saiu ao quite na faena que lhe antecedeu, voltou a não ter a melhor sorte ainda que tenha saído temerário à lide do seu novilho de 500kg de nome Bautista. Iniciou a função recebendo com belíssimas verónicas extraordinariamente ligadas até aos médios onde terminou com uma larga afarolada.
Foi audaz o tércio de bandarilhas pelos subalternos, em que ficou incompleto apenas o terceiro.
Enchendo-se de estética coloca a montera a seus pés, bem ao centro da arena mas o novilho vê-o a ele e não à flanela quando é citado de largo para um estatuário.
Apesar do aparato e do perigo, Manuel Dias Gomes correu à muleta assim que conseguiu libertar-se dos pitons que o levaram durante alguns minutos. Cheio de uma calma quase impossível sai-se com uma série de derechazos humilhando muito e compõe depois a faena com bonitas séries de naturais procurando adorna-la com passes rendondos.

Paco Velasquez recebeu um enorme aplauso na série de Verónicas que executou quando saiu ao quite no anterior novilho mas viu-se a seu tempo em situação difícil.
Recebeu também à Verónica e com Chicuelinas e foi aqui o melhor da sua prestação.
As bandarilhas, colocadas pelos subalternos de lavativa e portanto extremamente mal, largamente prejudicaram a faena de muleta ficando-se assim sem saber o quanto teria sido diferente este exemplar caso houvesse recebido as bandarilhas "en su sitio".
Assim, ainda que o espada tenha tentado todos os terrenos, as investidas saíram soltas, duras e a gazapear entre muletazos dissolutos durante os quais perde o engano sendo volteado também sem gravidade.
Com desplante larga então a muleta na cara do novilho e cheio de sobranceria volta-lhe as costas.
"Entra a matar" cravando uma badarilha.

O curro de Manuel da Veiga, com procedência de Rafael Calado e actualmente Torrestrella, foi desigual no carácter tendo apresentado dois novilhos muito bons, (1º e 3º) e dois muito maus (4º e 6º).

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