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Olé, Olé, Olé!! Campo Pequeno - 16 de Julho de 2009

Victor Mendes deslumbra e Pedrito indulta!!
19 de Julho de 2009 - 03:15h Crónica por: - Fonte: - Visto: 2086
Olé, Olé, Olé!! Campo Pequeno - 16 de Julho de 2009 Taurodromo do Campo Pequeno, 16 de Julho de 2009, 6 toiros de três diferentes ganadarias para um cartel de grandes.
Uma enchente até ao telhado, que esgotou a catedral várias horas antes da corrida e um ambiente de acontecimento histórico, resultaram num ponto de convergências emocionais que se foram enlevando no seu decurso.
À hora marcada José Henriques faz soar o cornetim para que se desse início ao festejo.
Celebrou-se, com homenagem devida, os 50 anos de alternativa do retirado matador Maestro - José Júlio, à qual se seguiu, por melhor peão de brega na temporada que antecedeu, a descida de David Antunes também à arena para receber uma lembrança das mãos do Dr. João Borges.

PABLO HERMOZO DE MENDOZA (1º e 4º)

1º Toiro - Passanha - 608kg, negro (2 compridos e 6 curtos)

Pablo lidou o primeiro Passanha completamente entrosado com o ambiente, conseguiu uma lide harmoniosa e em crescendo já que depois de dois ferros à tira frontais, permitiu-se a um toureio com tonalidades de marialva cravando frontais três ferros curtos rematados contudo, ao seu estilo - ladeando. No fim, com uma montada de excelente arranjo optou pelo rejoneio puro, colocando os ferros depois de se fazer mostrar ao toiro num círculo continuo donde saca investidas curtas, já que também o passanha não tinha muito temperamento, apesar de cumpridor.

GFA Vilafranca de Xira - Pedro Henriques - 3ª Tentativa

1º Tentativa

O toiro arranca quase de imediato e com pata à chamada do forcado e talvez por isso não tenha este conseguido carregar devidamente a sorte ou recuar-lhe fixando a investida e assim, é desfeiteado depois se segurar apenas um braço à córnea do exemplar.

2ª Tentativa

Pedro Henriques volta a pecar no mando: começa a recuar calado e a investida a galope de imediato ensarilha pelo que apesar de se ter fechado, fê-lo em deficiência acabando por escorregar da cara quando lhe pesou a 1ª ajuda, que de resto não tinha também grande hipótese de corrigir o forcado dada a velocidade a que os recebeu.

3ª Tentativa

Sem dificuldade consumou a pega à 3ª corrigindo-se de forma exemplar. Foi buscar o toiro mas não para além dos tércios, aguentou, carregou a sorte para provocar a investida e para a fixar enquanto recuava. Recebeu com eficácia e aguentou a viagem com som mas sem derrotes.

4º Toiro - Passanha - 628kg, Negro

O enorme Passanha, de belíssima apresentação ficou-se por aqui em qualidades. A codícia com que perseguiu a montada nos primeiros momentos depressa se esvaneceu e assim a nota positiva com que foram cravados os dois compridos, em sortes bonitas a dois tempos foi caindo para a vulgaridade. Os dois primeiros curtos foram cravados com batida ao píton contrário mas como a montada não conseguia sacar-se fora da reunião aquando da cravagem resultaram sem muita classe. Cravou em sorte semelhante os restantes quatro, que foram melhores mas com o toiro já muito parado nos seus terrenos e assim, a partir do 4º ferro, começaram alguns assobios já que também o "Caviar" parecia não estar em dia de plenitude.

GFA Vilafranca de Xira - Márcio Francisco - 2ª Tentativa

1ª Tentativa

O forcado esteve muito bem na cara deste mais pesado da corrida, mas como a investida tardou e saiu a galope, o forcado não teve tempo de retirar o joelho e assim, não se fechando de pernas, saiu da cara depois de um derrote muito alto.

2ª Tentativa

Depois de desfazer uma vez a formação (porque o toiro não se desencostou das tábuas onde ganhou querença) Márcio Francisco resolve com eficácia as dificuldades de uma investida dura e pouco franca, recuando muitíssimo para se fechar à córnea de forma exemplar.
O 1º ajuda devia aqui ter sido chamado à volta pela forma como rapidamente ajudou, prendendo os braços do da cara numa ajuda lateral em técnica perfeita e de muita eficácia. O restante grupo também esteve coeso, destacando-se ainda o rabejador que se colocou em posição muito rapidamente tirando o toiro das tábuas para terminar com muito brilho cheio de sobranceria.

VICTOR MENDES (2º e 5º)

2º Toiro - Ortigão Costa 530kg, Negro

Com verónicas e chicuelinas rematadas à meia verónica se compôs o tércio de capote deste 1º toiro do Maestro.
Como não podia deixar de ser foi ele próprio a cumprir o tércio de bandarilhas que, como se sabe espectacular, foi acompanhado de pasodoble. Deixou dois pares completos, muitíssimo bem executados, pois que citou de praça a praça cravando "al balcon". O 3º não ficou completo pelo que o matador se retrata com um 4º par.
Brindou a faena de muleta ao público, e começa então a desenhar estatuários e passes redondos na 1ª série, da qual retira também a mudança de terrenos de tércios a médios.
Com 2ª serie baixou a mão direita humilhando muito o toiro pelo que obteve música. Em seguida desenha mais duas séries pela mão direita até o toiro descair a tábuas.
Tendo novamente uma investida limpa no píton esquerdo (embora já a menos) termina a lide variando muito as sortes mais em adorno mas pondo-se bem entre os pítons, remata a final com uma serpentina de bonito efeito para selar uma lide extraordinária.
A sorte suprema foi simulada com a espada em sorte natural.

5º Toiro - Falé Filipe, 465kg, Negro

Este exemplar investiu com som no capote de Victor Mendes, que desenhou verónicas e navarras de técnica e plástica perfeitas. No tércio de bandarilhas, acompanhado pela banda, o matador foi exímio cravando instintivamente três pares completos e de evidente perfeição técnica.
Todo o tércio de muleta foi desluzido pela mansidão do hastado que mais não fazia que cabecear a flanela. Conseguiu na 3ª série uma boa sequência pela direita mas mais do que isso não sacou e quando já a sorte suprema é colhido, em aparatosa voltareta que o deixa inanimado por momentos.
Recuperando os sentidos, despe a jaquetilha e colete para em camisa desenhar mais duas séries, como que em castigo pelo arrojo de o colher. Acaba "mareando" para depois simular a morte do "abanto" com bandarilha.
Em unanimidade se levanta a praça aplaudindo o matador que se despedia aqui. Despediu-se em gesto de grandeza olímpica, mostrando de que massa é feito um toureiro que quis dar tudo de si.


PEDRITO DE PORTUGAL (3º e 6º)

3º Toiro - Ortigão Costa, 544kg, negro

Este saiu tímido à arena dando logo a conhecer o que viria a comprovar-se ausência de bravura. Pedrito conseguiu desenhar-se com beleza no capote, com o qual levou o toiro das tábuas aos médios em verónicas bem ligadas.
O tércio de bandarilhas foi executado por Pedro Gonçalves e Cláudio Miguel. O 1º par foi mal colocado "de lavativa" e o último um excelente par.
Pouco há a dizer do tércio de flanela. Sem nobreza, o toiro pedia espaço para que investisse mas com isso abriam-se-lhe as portas a procurar tábuas. Verificados os dois pítons em muletazos desagregados, Pedrito "mata" em sorte contrária.


6º Toiro - Falé Filipe, 476kg nº 136, Negro - Indultado

Pedrito terminou com uma revolera a lindíssima série de verónicas com que recebeu o último da corrida, que humilhando muito, permitiu também um bom tércio de bandarilhas pelos subalternos com três pares de exemplo por Pedro Gonçalves e Cláudio Miguel.
Cuidadosamente Pedrito coloca a seus pés a montera e ali dos médios cita o toiro para um estatuário com a flanela atrás das costas seguido de um passe de peito ainda de parón.
Embora mostrando pouco poder nas mãos, o exemplar indultado de Falé Filipe foi investindo com suavidade, com nobreza, codícia e uma bravura tais, que se ouviam "olé. olé. olé." naquele tom de quase murmúrio que termina em explosão de aplausos.
Este toiro foi tão bom que quase não se via Pedrito de Portugal, entregue por completo à lide, conformada em passes redondos sempre "de parón", que tanto se compuseram num ou outro píton sem destrinças numa investida de inesgotável castidade.
Preparada a Sorte Suprema, Pedrito coloca uma bandarilha recebendo. Belíssimo.
Como entendia Picasso, "los toros son angeles que llevan cuernos"...
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