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Morante no Campo Pequeno - 2 de Julho de 2009

Noite grande para os forcados de Santarém e de grandes faenas apeadas
03 de Julho de 2009 - 20:06h Crónica por: - Fonte: - Visto: 2137
Morante no Campo Pequeno - 2 de Julho de 2009 Foi a corrida do jornal 24horas e por isso algumas caras conhecidas tiveram presença nos tendidos: José Castelo Branco e Betty, Serenela Andrade, Nuno Graciano entre outros por ali circulavam entre a nata da aficcion e por lá ficaram para ver Morante, António Telles e os Amadores de Santarém.

A noite teve início com a entrega do "Prémio Prestígio" ao forcado, ganadeiro, coudeleiro, toureio, Mestre David Ribeiro Telles, que por se encontrar doente não pode comparecer, tendo assim o prémio sido recebido pelo seu filho Manuel Telles.

1º Toiro Negro cornilargo, 580kg - António Telles
António Telles abriu a noite com um toiro que saiu tímido para a brega elegante em que o cavaleiro o levou depois de o ter recebido sem peões de brega.
Cravou o 1º ferro comprido à tira na perpendicular a cilhas passadas. Depois, cita frontal para o 2º ferro e crava à tira recebendo um pequeno toque na garupa, um 3º e último também à tira regular.
Trocou de montada para a ferragem curta e ali crava 4 ferros bonitos e com entrega, sempre frontais em habilidosos quarteios, com cites de muita voz, provocando a investida do toiro que veio sempre a menos sem que o cavaleiro deixasse de lhe dar uma lide redonda.

1º Pega - Diogo Sepúlveda
Consumou à 1ª tentativa uma pega de cortar a respiração: depois de citar e carregar a sorte para lá dos médios, o cabo recua e recebe o toiro à barbela depois de uma saída com pata e encastada, que quase não humilha na reunião.
Destaque para a 1ª ajuda que se fechou de lado e aguentou a viagem até tábuas mantendo sempre o forcado na cara.
O rabejador não tinha forças que tirar ao toiro mas excutou bem em momento e lugar certo.

2º Toiro - Castanho olho de perdiz, 577kg - Morante de La Puebla
Morante de La Puebla , começou mal com este manso exemplar da ganadaria de Ortigão Costa, que não teve lide possível. Ainda assim, foi cumprido o primeiro tércio com verónicas e o segundo com três pares de bandarilhas completos em quarteio em que os subalternos do diestro se assumaram "all balcón".
Na muleta Morante não se alongou, já que os dois ou três passes de peito compravaram o "nada" que dali se seguiria. Simulou por isso a morte sem mais delongas.
O público não foi unânime e enquanto uns aplaudiram outros assobiaram, mas, salvo melhor opinião, andou bem o matador já que continuando só poderia enaltecer as más características do exemplar.


3º Toiro - Castanho Albardado, de 595kg - António Telles
Começa a lide com três ferros compridos à tira menos bons (o 1º ficou descaído porque recebe um toque na montada e 2º e 3º à garupa) mas retrata-se na ferragem curta com os bons momentos que o seu toureio clássico pode dar. Cravou 6 ferros curtos, pisando terrenos ao toiro que pedia entrega e cravando com reuniões muito justas ao estribo e frontais, rematadas em quarteio. Recebeu música ao 3º curto e o 6º foi cravado a petição do público que sentindo-o a gosto não o deixou ir embora sem fechar em grande a faena.

2ª Pega - João Grave de Jesus
Brinda à dinastia Ribeiro Telles (o que, de logo colheu ovação) e cita ainda dos tércios. O toiro arranca sem dificuldade e com pata para o forcado, que se fecha com decisão à cornea com o grupo em ajuda coesa (e mais uma eficaz primeira ajuda).
O rabejador quebrou o toiro junto a tábuas com elegância mas saiu em momento desadequado para trás do toiro, embora para os médios.

4º Toiro - Negro Listão, 508kg - Morante La Puebla
Já tendo agora matéria prima para trabalhar, o matador sevilhano esteve muito entregue na lide deste quarto. No capote toureou com bonitas verónicas bem compassadas e deixou o toiro nos médios rematando à meia verónica, para a colocação de três pares de bandarilhas que foram pouco acertados (o primeiro de lavativa, o segundo incompleto e o terceiro acertado).
Com a flanela, leva o toiro com passes de peito para os médios sendo que após a 1ª série soa o pasodoble "Morante de La Puebla" pela Banda do Samouco.
Embora com sortes pouco variadas, concretizou uma faena redonda, composta de 4 séries de derechazos e naturais, com emotivos paróns, levando o toiro muito humilhado em passes redondos continuos, ligados de extrema elegância e terminados alguns com passes afarolados.
"Entrou a matar" em sorte natural com uma bandarilha que não ficou colocada.

5º Toiro - Negro Albardado, 570kg - António Telles
Com um toiro sem codícia, Telles não teve pano para mais do que uma cravagem regular de ferros sem lustro.
Cravou 3 ferros compridos à tira, entre passagens em falso contestadas pelo público.
Mudou a montada para a cravagem curta e com essa andou melhor, esforçado, falando muito ao toiro que nas parcas investidas levou embedido na montada, procurando ligar as sortes que não tinham ligação possível. Cravou sempre de caras nunca renegando a trave mestra do classicismo que o rege.

3ª Pega - Gonçalo Veloso - 3ª Tentativa
Gonçalo Veloso tem protagonizado pegas enormes em corridas de grande importância (como foi exemplo a designada "Corrida do Ano" em Santarém), e enorme esteve também perante este Ortigão Costa que tinha ainda todas as forças.
A 1ª tentativa foi desfeita nos tércios, já que o toiro fugiu ao grupo e o forcado da cara não pôde mais do que fechar-se com um braço à cornea não suportando os derrotes sem a ajuda do grupo que tardou.
A 2ª tentativa foi GIGANTE. O forcado encastou-se e fechou-se à cornea aguentando com muito querer os derrotes continuos do hastado. Mais uma vez o grupo tardou e a dada altura o forcado perde a cara ao toiro embora se tenha sempre mantido fechado à córnea.
Sem perder tempo, largaram o toiro e preparam a 3ª e última tentativa com o toiro mais fora das tábuas. Recuou e fechou-se para uma grande pega com o grupo coeso, que levantou praça inteira.
Ainda houve toiro para rabejar com lustro e o forcado saíu na altura certa e elegante para os médios, levando do chão o barrete de Gonçalo Veloso.
(Não queria António Telles dar a volta nem o queria Gonçalo Veloso mas um sonoro, muito sonoro assobio estagnou cavaleiro e forcado que deram assim a merecida volta. António, reconhendo ao forcado a grandiosidade da pega e atitude do grupo, encaminha-o aos médios onde é ovacionado de pé)

6º Toiro - Negro, 528kg - Morante de La Puebla.
Decidido a mostrar por que linhas se cose o seu toureio, Morante aproveitou todo o sumo que este último do seu lote tinha para dar.
Começada a lide com elegantes Verónicas, seguidas da cravagem de dois pares de bandarilhas "de lavativa" sem grande efeito.
No 3º tércio, Morante desenhou oito séries de muletazos: o 1º e 2º deles em tábuas de parón e os restantes nos médios, alternando entre as mãos direita e esquerda sem adornos espectaculares mas com uma candura, uma elegância e um sentimento que não careciam de mais nada para conformar uma grande lide. Não tendo variado muito as sortes compôs a faena, de mão muito baixa com passes redondos quase sem se emendar.
Encontrou na mão direita um toiro de grande nobreza que tornaram inesquecíveis aqueles momentos de toureio profundo.

Terminou a noite com uma forte ovação do público a Morante de La Puebla.
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